Na abertura da conferência, o vice presidente executivo da APPII, Hugo Santos Ferreira, destacou que «estamos a passar da reabilitação de edifícios para a regeneração urbana» em Portugal, e acredita que «os promotores imobiliários têm de ser parte ativa no desígnio da construção das cidades do futuro», numa altura em que «a força de um país depende hoje da força das suas cidades», quando 75% da população vive nos centros urbanos da Europa. «Os investidores internacionais estão agora interessados nessas cidades, e sabemos que Lisboa se compara com Paris, Londres ou Barcelona».
«Estamos perante uma oportunidade única, para assumir definitivamente o desafio de criar smart cities, por via da construção nova ou da reabilitação urbana», completa. Importa «procurar estratégias capazes de potenciar os espaços urbanos» através de uma «abordagem global», promovendo «um clima de confiança que permita a quem investe continuar a acreditar em nós», nomeadamente «um regime fiscal atrativo, estável e credível», conclui.
Dados vão ajudar a ter cidades mais atrativas e eficientes
Já não é uma novidade que os dados serão o “petróleo” do século XXI. E também nas cidades serão fundamentais para a sua administração e gestão.
Miguel Castro Neto, professor da Nova IMS e Personalidade Smart Cities do ano 2017, foi um dos oradores da manhã. Na ocasião salientou que «os promotores e investidores têm a capacidade de dar um contributo ativo para as cidades», numa altura em que importa combater as alterações climáticas a todo o usto; «é nas cidades que mais produzimos e poluímos».
Acredita que, quando se fala em “smart”, a tecnologia deve ser apenas um meio para a resolução dos problemas, e não um fim. E os dados vão ser muito importantes para «suportar decisões que conduzem a ações» numa cidade, que pode «ser uma plataforma de recolha de dados para prever o que vai acontecer o futuro, e para prescrever, ajustando a cidade ao futuro que queremos». A CML, por exemplo, já está a trabalhar em plataformas de recolha, gestão e fornecimento de informação deste género, apresentadas na ocasião por João Tremoceiro, diretor e CDO da autarquia.
Ainda antes da tecnologia, a inteligência pode ser aplicada na construção das cidades ainda na conceção dos projetos e dos espaços urbanos. Importa pensar desde o início nas soluções que tornarão uma cidade mais eficiente. O projeto residencial City Flat, da Level Constellation, é exemplo disso: um edifício que inclui bicicletas elétricas, postos de carregamento para as mesmas, e elevadores especialmente desenhados para o seu transporte, incorporando a mobilidade elétrica «como parte componente do edifício», explicou Francisco Pereira Miguel.
Coliving, um fenómeno em ascensão
Com as novas cidades, surgem as novas formas de ocupar os espaços, nomeadamente o coliving, uma realidade que surge com o aumento dos preços da habitação, e com uma maior urbanização, mas também com uma maior necessidade de criação de comunidades. Uma reorganização pouco convencional dos espaços, e a sua flexibilidade, são a chave do conceito.
Williams Johnson Mota, CEO da B-Hive Living, lembrou nesta conferência que esta é uma tendência que deve ser tida seriamente em conta pelo imobiliário: «precisamos de construir as cidades e os edifícios mas, ao mesmo tempo, as comunidades. Os millennials serão a maior fatia da população, valorizam os serviços ao invés da propriedade, e a flexibilidade, movem-se muito mais que as gerações anteriores», e esta é uma tendência global.