“Há um novo normal acima dos €3000M no mercado de investimento português”

“Há um novo normal acima dos €3000M no mercado de investimento português”

Esta foi uma das principais conclusões de Francisco Horta e Costa, Managing Director da CBRE em Portugal, que falava durante a conferência Tendências do Imobiliário, organizada pela CBRE esta semana no Teatro Capitólio, em Lisboa.

De acordo com o responsável, este valor compara com o recorde de 1.400 milhões de euros investidos em 2007. Regista-se num momento em que comprimem as yields em todos os setores e aumentam as rendas dos escritórios, habitação ou logística, mostrando que os investidores continuam com interesse no mercado português, e há ainda muita liquidez no mercado.

Por isso, em 2020 «o investimento pode manter-se acima dos 3.000 milhões de euros em 2020 de forma confortável. Não podemos subestimar o mercado, foram 4 anos acima dos 2.000 milhões de euros nos últimos 5 anos», aponta Nuno Nunes, do departamento de Investimento da CBRE. Segundo o responsável, «se as transações que temos em pipeline fechassem já no primeiro trimestre, teríamos um volume de 2.000 milhões de euros».

No que toca ao mercado empresarial, em 2020 será difícil manter o take up de 200.000 metros quadrados registado no ano passado, porque «a oferta e a procura estão ainda profundamente desequilibradas», aponta André Almada, do departamento de Escritórios da CBRE. E da nova oferta que se espera que entre no mercado, grande parte dela tem já contratos de arrendamento, pelo que o especialista apela «à capacidade de improviso para colocar esta procura».

A acompanhar a dinâmica do mercado, o mercado logístico deverá continuar a crescer este ano também, impulsionado pela nova promoção, nomeadamente do novo projeto da Merlin Properties em Castanheira do Ribatejo. A mudança do consumo é uma oportunidade para o mercado, que procura agora logística mais próxima das cidades.

Já no que concerne o retalho, são tendências para 2020 a expansão do comércio de rua para as ruas paralelas e perpendiculares às artérias principais, com alguns arrendamentos já a serem fechados acima dos 130 euros/m² na zona da Avenida da Liberdade, em Lisboa. Não são esperadas novas aberturas de centros comerciais este ano, além de várias expansões e remodelações com vista à melhoria da experiência, mas deverão inaugurar dois novos retail parks em Matosinhos e no Estoril.

Na habitação, são esperadas novidades em concelhos como o Montijo, Seixal ou Setúbal, depois de um ano em que o número de novas casas em licenciamento aumentou 4% em Lisboa e entre 32% e 92% nesses concelhos, explicou Patrícia Clímaco, da área Residencial da consultora. Continua a haver muita escassez de oferta, e essa foi a única razão para a tendência de estabilização do número de transações no ano passado.

Já o turismo, regista um abrandamento natural e saudável, depois de vários anos com crescimentos a dois dígitos. Aumenta a nova oferta, mantém-se a procura pelo país, e os níveis de ocupação são bastante elevados em Lisboa e Porto. «Estamos confiantes de que 2020 será um ano positivo para a economia nacional», confirma a consultora.

 

Mercado “entra definitivamente na promoção”

Em 2019, foram investidos cerca de 1.500 milhões de euros em imóveis para promoção, que incluem terrenos e imóveis para reabilitar. Isto mostra que «o mercado entrou definitivamente na promoção imobiliária em 2019», comenta Francisco Horta e Costa.

Miguel Paiva Couceiro, da área de Promoção Imobiliária da consultora, explica que «o aumento do investimento em promoção mostra a confiança que os investidores têm no mercado». Destaca que surgiram no ano passado novos projetos especulativos de escritórios, «o que não acontecia desde 2012», além de vários projetos residenciais, tanto de segmento alto como de segmento médio.

Certo é que «em 2020 é preciso dar resposta à forte procura de escritórios, estamos a competir com a Europa toda». Por outro lado, «o mercado nacional precisa de oferta. Precisamos de promoção para venda mas também para arrendamento».

Nuno Nunes salienta que este tipo de mercado vai «crescer muito depressa», e antecipa que «este ano podemos transacionar 600 milhões de euros de casas arrendadas, o dobro do ano passado».

E o Porto não foi exceção. A invicta «está forte e recomenda-se», e o investimento «não foi feito ró na reabilitação e no turismo, mas também na promoção, seja em oferta para a classe média, para estudantes, ou de escritórios, num investimento de cerca de 200 milhões de euros», explica Luís Mesquita, diretor coordenador da CBRE no Porto. Prevê que continue o investimento em residências sénior, de estudantes e na promoção de escritórios, além da habitação para a classe média, «especialmente na zona Norte e Oriental da cidade».