Faltarão cerca de 46.000 camas em residências de estudantes em Lisboa e no Porto. A conclusão é da nova edição do estudo “Student Housing Portugal”, da JLL.
É certo que o stock português se tem vindo a expandir e a qualificar nos últimos anos, mas o número de estudantes universitários tem crescido a um ritmo bastante superior, e mantém-se, por isso, o desequilíbrio entre a oferta e a procura. Além disso, o contexto é de forte desempenho do segmento de Purpose-Built Student Accomodation (PBSA), que atrai cada vez mais investimento e operadores de referência.
Joana Fonseca, Head of Strategic Consultancy & Research da JLL, explica em comunicado que «o setor de residências universitárias em Portugal mudou muito nos últimos anos. Passámos de um mercado informal, com uma oferta dominada por instituições religiosas e serviços de ação social das universidades públicas, para um stock gerido por operadores profissionais». Reitera que «o progresso do setor em quantidade e qualidade tem sido assinalável, mas o stock existente e os novos projetos planeados continuam a não ser suficientes para suprir a procura deste tipo de alojamento».
«Estamos a contrastar quase 450.000 alunos no ensino superior com um stock inferior a 10.000 camas em residências universitárias privadas»
Atualmente, segundo Joana Fonseca, «estamos a contrastar quase 450.000 alunos no ensino superior com um stock inferior a 10.000 camas em residências universitárias privadas. Este stock vai crescer para quase 17.000 camas até 2026, mas mesmo já contabilizando este reforço, o número de camas disponíveis não equivale a mais do que 20% a 30% do número de alunos deslocados em Lisboa e Porto, o significa que necessitaríamos de cerca de mais 46.000 mil camas para suprir as necessidades da procura».
Faltam 30.000 camas em Lisboa e 16.000 no Porto
Este relatório contabiliza 9.200 camas integradas em residências universitárias privadas em Portugal, um número que, segundo a consultora, evoluiu consideravelmente nos últimos três anos, em número e qualidade, graças a vários projetos operados por marcas de referência no segmento do alojamento universitário. Este stock deverá atingir as 17.000 camas até 2026, considerando as 7.800 camas contabilizadas nos projetos que estão em pipeline.
Contas feitas, em Lisboa, o número de camas privadas em operação cobre apenas 17% da comunidade de estudantes deslocados, e aumentará para 18% considerando este pipeline.
Já no Porto, a taxa de cobertura do mercado é mais elevada, com o stock atual a dar reposta a 27% dos alunos deslocados, e deverá melhorar para 32% quando os novos projetos estiverem concluídos, até 2026.
Assim, a JLL conclui que faltarão 30.000 camas em Lisboa e 16.000 no Porto.
Desempenho atrativo e potencial de crescimento atrai investidores
André Vaz, Head of Living & Alternative Investment, Capital Markets, da JLL, destaca que, «em geral, há um crescente interesse dos investidores e promotores pelos segmentos residenciais alternativos, mas este em específico tem sido alvo de especial atenção. Além do desequilíbrio entre a oferta e a procura, e, por isso, do enorme potencial de crescimento que apresenta, este é um setor com indicadores de desempenho muito atrativos, incluindo as taxas de ocupação e reacomodação, mensalidades e tempos de ocupação».
Por outro lado, «a qualificação e sofisticação da oferta nos últimos anos, com a entrada de diversos operadores profissionais, são também fatores de atração. Os novos investimentos, quer na ótica da promoção quer na de rendimento, vão continuar a crescer».
A taxa de ocupação na oferta ativa de camas privadas deverá rondar os 100%, e a taxa de reacomodação os 80%. Entre os estrangeiros, são os brasileiros quem mais recorre a este tipo de acomodação, enquanto em termos de estadias, se regista uma ocupação média de 7 meses por ano letivo.
Relativamente aos preços, estes têm vindo a crescer em paralelo com a qualificação do stock. Lisboa pratica uma mensalidade média deste tipo de residências na ordem dos 770 euros, acima dos 570 praticados no Porto. Mas os preços variam entre os 330 e os 1.440 em Lisboa e entre os 330 e os 842 no Porto.
Joana Fonseca conclui ainda evidenciando «a capacidade de expansão do mercado nacional de residências universitárias. Temos um mercado com 100% de ocupação e entre 20% a 30% de satisfação da procura, com preços a crescer e tempos médios de ocupação de 7 meses, num destino universitário consolidado na Europa e cuja oferta se tem vindo a sofisticar. É necessário colmatarmos esta falta de 46.000 camas, criando condições para que o país se projete ainda mais entre os destinos universitários de excelência na Europa».