O segmento de escritórios vai atrair o maior volume de investimento imobiliário no próximo ano, e em Lisboa poderá mesmo representar cerca de 35% de todo o capital investido, à semelhança de cidades como Madrid ou Milão, prevê a Savills.
Esta é uma das conclusões do mais recente estudo Impacts 2021, elaborado pela consultora, que confirma que a pandemia e os confinamentos impulsionaram transformações em quase todos os setores de atividade económica um pouco por todo o mundo, criando novos paradigmas de consumo e operação, ou reforçando mudanças que já estavam em curso.
O segmento dos escritórios deverá representar mais de 50% do total do investimento imobiliário da região da Ásia-Pacífico. Representará 60% em várias cidades chinesas, Seoul, 55% em Dehli, ou 50% em Londres, Shanghai, Zurique ou Praga. Os escritórios vão representar ainda cerca de 45% do total investido em Atenas, Dublin, Taipei, Auckland, Banguecoque, e 40% em Singapura, Oslo, Varsóvia, Dubai. Berlim, Madrid, Milão, Sidney, Nova Iorque ou Los Angeles estarão a par de Lisboa, com uma representatividade de 35%.
O estudo mostra que 2022 «deverá ficar marcado pelo regresso dos mercados imobiliários em todo o mundo aos níveis de performance pré-pandemia, quer em termos de arrendamento, quer de investimento. Estima-se que o segmento de escritórios seja a principal força-motriz por detrás da recuperação do setor, e que, a nível global, as empresas tecnológicas sejam os principais responsáveis pelo fortalecimento deste segmento imobiliário, designadamente através do arrendamento», pode ler-se em comunicado.
Paulo Silva, Head of Country da Savills Portugal, salienta que «este estudo sublinha a forma atenta e crítica como a Savills está no mercado imobiliário, procurando antecipar tendências a partir de uma leitura atenta da realidade, das reações às mudanças que nos são dadas a observar, bem como do diálogo promovido com os principais operadores dos mercados imobiliários».
Patrícia Liz, CEO da Savills Portugal, refere que «o nosso estudo veio demonstrar claramente, que o vigor que o mercado imobiliário apresentou nos últimos anos é consistente e se manteve em níveis muito interessantes, capaz de uma recuperação de energia que impulsionará as tendências que já se faziam sentir, ainda que de forma tímida, nos anos imediatamente anteriores a esta pandemia. De todos os conceitos que hoje falamos, hot desking, trabalho remoto, reuniões à distância, entre outros... só a agilidade de reuniões via Teams, Zoom, Google meeting, etc. foi de certa forma novidade, todos os outros conceitos de trabalho estavam já a ser implementados das mais variadas formas».
Teletrabalho não “mata” o escritório
O teletrabalho não vai ditar o fim dos escritórios, segundo a Savills, apesar de esta tendência ter vindo para ficar. Poderá, sim, potenciar o surgimento de novos modelos de trabalho em que o escritório tradicional e o escritório em casa «desempenharão novos papéis num emergente paradigma híbrido».
«Durante os próximos cinco anos, será possível observar a multiplicação de modelos de trabalho repartidos entre o escritório e a residência do trabalhador. Este fenómeno deverá registar uma maior aceleração em cidades como Nova Iorque, Paris, Londres, Berlim e Frankfurt», afirma a consultora.
Patrícia Liz acrescenta que «o que se verifica é um impulso fortíssimo para aquilo que poderia demorar muitos anos a disseminar por todas as empresas. O fenómeno de aceleração a que iremos assistir nos novos conceitos de trabalho, tem a ver também com isto, com o facto destes conceitos já estarem à disposição das empresas e no mindset de quem projeta e constrói, a que se junta o conhecimento e vontade de quem investe».
«A liquidez do mercado será também um motor para essa aceleração», segundo a responsável. «Também o acordar de forma mais consistente para o tema da sustentabilidade nas suas variadas formas, foi sem dúvida um dos fatores positivos que este momento, ainda que negativo, veio impulsionar, demonstrando uma vez mais que das crises também surgem oportunidades», completa.