O mercado de escritórios é o que concentra a maior fatia do investimento imobiliário em Portugal, tendência que se deverá manter nos próximos tempos. Mas outros segmentos, como o mercado residencial e de logística, começam a ganhar terreno, mantendo a tendência de crescimento que se registou de janeiro a outubro. Esta é a análise da Savills.
Alberto Henriques, Capital Markets Associate Director da Savills Portugal, destaca em comunicado que «mesmo após a adoção do remote work como solução complementar ao modelo de trabalho tradicional, o escritório é visto como um espaço fundamental ao bom funcionamento das organizações e estará cada vez mais direcionado para a promoção do bem-estar dos seus utilizadores», prevê.
A nível europeu, os escritórios também lideram, e deverão representar, entre janeiro e outubro, um volume de investimento de 60.000 milhões de euros, 32% do investimento total feito na Europa.
A Savills verifica no arrendamento de escritórios «um novo ímpeto, em grande medida alimentado por uma maior procura por novos espaços, fruto do regresso aos escritórios e das novas exigências que se colocam aos espaços de trabalho tradicionais, de forma a acomodar as expectativas de colaboradores que estiveram meses em regime de teletrabalho e os requisitos que cada vez mais os investidores consideram prioritários, como a sustentabilidade energética das instalações e a dimensão dos escritórios como espaços de promoção de criatividade e desenvolvimento social». Contudo, à medida que estas novas exigências começarem a ganhar força, «poderá observar-se um aumento correspondente dos valores das rendas dos espaços de escritórios que estiverem em linha com os novos critérios de uma procura no contexto do imediato pós-pandemia».
No entanto, segundo a consultora, «os números sugerem que o segmento de escritórios poderá estar a perder terreno para outras categorias de produtos, como as soluções residenciais e as propriedades dedicadas à área da logística. Estima-se que o segmento de Living & Care (que engloba propriedades habitacionais e soluções residenciais para a terceira idade) tenha alcançado uma representatividade de 29% do total do mercado imobiliário europeu no final do terceiro trimestre. O setor da Logística, no mesmo período, terá conquistado uma parcela de 20% do total desse mercado».
A Savills prevê que, até ao final deste ano e ao longo do próximo, o mercado imobiliário vai continuar a atrair forte interesse por parte dos investidores: «o mercado imobiliário continuará a ser capaz de atrair forte interesse por parte dos investidores. O fortalecimento do mercado deverá ser impulsionado pela intensificação da mobilidade transfronteiriça de investimentos, fruto do levantamento de restrições de combate à pandemia de COVID-19, à abertura de fronteiras e à retoma da atividade turística. Este retorno progressivo a um sentido de normalidade deverá eletrificar a procura imobiliária na Europa, traduzindo-se no aumento do número de transações e do volume de investimento».
Até ao final do ano, a Europa deverá atrair um volume de investimento de 270.000 milhões de euros, mais 15% face ao registado em 2019. Confirmando-se este cenário, será o 4º maior volume de investimento anual dos últimos 6 anos.