No total, a empresa americana tem uma carteira de imóveis no nosso país de 20 imóveis, todos elas prédios urbanos, divididos em 9 projetos, explicou Catarina Lopes, diretora geral da Eastbanc Portugal, em entrevista à VI.
A empresa avança agora com um edifício de escritórios com três frentes, nos números 81 a 89 da Avenida da Liberdade e 1 a 3 da Praça da Alegria, «que terá comércio nos pisos inferiores». Este projeto, da autoria de Eduardo Souto Moura, respeita o programa municipal “Uma Praça em Cada Bairro”, e nesse sentido a empresa «tomou a iniciativa de cooperar com o vizinho proprietário do Palácio de São Miguel (cooperação essa que pode estender-se a outros proprietários), propondo um único esquema de acesso e circulação ao estacionamento dos edifícios em subsolo que está em análise na CML e avançará logo que emitida a licença de construção», explicou a responsável.
«Esta cooperação permite a transformação dos pisos térreos voltados para a Praça da Alegria e logradouros contíguos (incluindo o logradouro privado do nosso próprio edifício) em espaços potenciadores de uso público (comércio tradicional, restaurantes e esplanadas), contribuindo para a pedonalização dos topos sobre-elevados da praça e a sua consequente revitalização», notou ainda, sem revelar o investimento envolvido.
Por outro lado, na Rua da Alegria deverá surgir um novo projeto residencial, nos números 76 a 104, da autoria de Frederico Valsassina. No lote vizinho, será erguido um empreendimento turístico, «no qual se insere o Palacete Ribeiro da Cunha», e no qual colaboram os arquitetos Eduardo Souto Moura e João Pedro Falcão de Campos.
A Eastbanc pretende «arrancar com 1 projeto por ano. Iniciámos o Palácio Faria em 2015 e estamos a fazer todos os esforços para iniciar o da Av. da Liberdade/Praça da Alegria logo que possível, até porque a revitalização da praça beneficia enormemente da colaboração com os vizinhos que já iniciaram as suas obras, mas, naturalmente, estamos dependentes da emissão das respetivas licenças», explica Catarina Lopes.
Palácio Faria implica investimento de €10M
Apresentado no início de novembro passado, o Palácio Faria é o mais recente projeto da empresa, que já tem em funcionamento empreendimentos comerciais como o mercado Entretanto, ou a Embaixada, na Praça do Príncipe Real. Na mesma localização, este trata-se de um condomínio de luxo. «É a nossa primeira obra de reabilitação e transformação integral do uso do edifício, que foi ocupado pela Liga dos Amigos dos Hospitais e passará agora a ser um condomínio residencial». Um projeto que, tal como os restantes da empresa, «tem o design como ponto central», assinado por Eduardo Souto Moura. «É um condomínio exclusivo destinado a residentes (e não a investidores especuladores ou a candidatos ao Golden Visa) com 6 apartamentos espaçosos (áreas privativas entre 220 m2 e 390 m2), todos com lugares de garagem privativos e com considerável espaço exterior», destaca esta responsável. «A nossa estratégia comercial não assentou em pré-vendas, mas sim na comercialização mais próxima da conclusão das obras, razão pela qual não temos ainda uma lista de preços», conclusão esta prevista para este verão.
À VI, Catarina Lopes explicou também que a estratégia da americana «assenta, por um lado, na revitalização do bairro, investindo na conservação de imóveis e na sua ocupação por uma seleção de inquilinos dinâmicos e inovadores e, por outro, no lançamento de projetos de promoção integral de forma sequencial». O Palácio Faria é, precisamente, «o primeiro projeto dessa sequência e surge da convicção que iremos transformar este edifício histórico em propriedades exclusivas com uma arquitetura contemporânea, mas, simultaneamente, com respeito pelo caráter e ambiente do edifício e bairro».
A importância de «planos conjuntos que vão para além do urbanismo»
Traçando uma breve análise do mercado de investimento em Lisboa, Catarina Lopes nota que «neste momento, os promotores estão a comprar imóveis a preços tão elevados que, naturalmente, só podem investir na perspetiva de construir e vender rapidamente», e acredita que «esta visão de curto prazo é frequentemente contrária aos interesses da própria cidade. Se, em geral a qualidade tem poucos apoiantes, já que é difícil, trabalhosa e exige uma enorme autodisciplina por parte dos promotores, num mercado inflacionado e com enormes pressões de retorno há ainda menos disponibilidade para se procurarem as melhores soluções arquitetónicas e urbanísticas ou apostar no uso (ou combinações de usos) mais adequados no longo prazo».
Por isso mesmo, considera que «o desafio interessante para ambos – cidade e investidores – é pensar como estabelecer cooperações que contrariem esta dinâmica no sentido de desenvolver essas áreas nas próximas décadas, fazendo planos conjuntos que vão para além do urbanismo, mas incluam também arquitetura, análise dos usos e plano de negócio, de forma cooperativa, profissional e transparente, permitindo aos investidores uma remuneração adequada e à cidade a criação de áreas urbanas potenciadoras de riqueza e bem-estar para as suas populações».
Da sua parte, a EastBanc propõe-se a «ser um investidor e proprietário apaixonado pelos bairros históricos e com uma perspetiva de longo-prazo. As nossas propostas assentarão sempre em valores não-especulativos, soluções otimizadas e beleza intemporal».