A chegada da Covid-19 trouxe consigo uma série de transformações em todos os setores da sociedade, e os setores de dívida e imobiliário não foram exceção. Segundo o responsável, «o ano de 2020 foi especialmente difícil para o setor de crédito e imobiliário».
«O volume de transações e de compra e venda sofreram uma redução significativa ao longo do segundo e terceiro trimestres». Panunzio justifica esta situação com o primeiro confinamento e com a chegada do verão, e apesar da recuperação registada no último trimestre de 2020, «não há dúvidas de que atingiu patamares inferiores ao inicialmente previsto».
Panunzio destaca que «a continuidade do acesso ao financiamento bancário através da criação de linhas de crédito e o lay-off para empresas ajudaram consideravelmente a colocar um teto mínimo ao volume de transações. Por outro lado, assistiu-se à surpreendente estabilização dos preços, e com variações muito limitadas, o que fez com que muitos investidores apostassem, neste momento, por não reduzir as suas expectativas em relação aos preços». Todos estes fatores contribuíram para uma redução significativa no volume de carteiras transacionadas.
Aumenta, assim a pressão sobre as plataformas de Asset Management. Panunzio considera que esta recai «tanto ao nível da receita como na capacidade de crescimento, pontos fundamentais para poder continuar a oferecer aos seus colaboradores oportunidades de crescimento profissional, ter recursos para investir em tecnologia e processos, garantir um serviço de qualidade e cumprir as expectativas e os businesses plans dos seus próprios clientes».
A capacidade de adaptação é a única opção para conseguir competir neste mercado. Segundo o responsável, «a partir de 2021 assistiremos a uma maior consolidação por parte das plataformas, assim como da necessidade de encontrar novas linhas de negócio, com novos serviços e produtos e com o desenvolvimento de novos mercados geográficos. Para a HipoGes isto é muito claro, sendo que a empresa está a atuar em concordância e a dedicar tanto recursos internos como capital para se adaptar a novos objetivos e cenários, como a situação exige».
“Build to rent” vai ter vantagem sobre a compra e venda
O responsável da HipoGes acredita que, este ano, «os players vão focar-se muito em carteiras de empréstimos reestruturados e performing – PLs e RPLs –, que os bancos estão cada vez mais dispostos a vender, e em carteiras de imóveis para alugar para fazer frente à menor liquidez oferecida pelo produto imobiliário colocado à venda». Esta é já uma realidade para muitos promotores que «estão a passar de uma estratégia de negócio de build to sell para build to rent».
O responsável prevê que o número de operações nos segmentos de NPLs e REOs desça em Portugal, onde o número de entidades financeiras é cada vez menor, no decorrer das fusões e aquisições do setor bancário. Mas deverá manter-se, e até aumentar, o interesse por parte dos investidores em vender pequenos e médios pacotes de dívida no mercado secundário, «tanto para acelerar a performance que foi afetada pela Covid-19 como para poderem sair dos seus investimentos caso o foco na península mude».