E, para já, tudo indica que este valor vá continuar a subir nos próximos até ao final do ano, pelo menos até aos 2.700 milhões de euros, tendo em conta os negócios que já estão fase avançada de conclusão, desvendou Andreia Almeida, Head of Research da Cushman & Wakefield Portugal, na apresentação da edição do Marketbeat Portugal – Outono 2020. Uma projeção que, caso se concretize, representa uma descida de apenas 15% face a 2019.
«Até ao final de setembro, foram transacionados 2.300 milhões de euros em ativos imobiliários comerciais, o que representa um novo máximo histórico no que respeita ao volume de investimento acumulado nos primeiros nove meses de um ano, desde que há registo de atividade em Portugal», começou por dizer.
Apesar do impacto negativo da atual conjuntura na atividade de investimento para efeito de rendimento, ou seja, pelo previsível abrandamento na receita operacional dos imóveis e a uma maior aversão ao finamento pelos bancos, apesar da pandemia o volume investido nos primeiros nove meses do ano subiu 36% em termos homólogos. E, «mesmo que não houvesse mais negócios concretizados nos próximos três meses, 2020 já seria o terceiro melhor ano de sempre para o setor», sublinhou Andreia Almeida.
Este resultado «foi fortemente influenciado pela concretização de três grandes operações» - a saber, a venda do portfólio Prime, pela Sonae Sierra, por 800 milhões de euros, a venda do Lagoas Park à Henderson Park Capital Partners, por 421 milhões de euros, e pelo portfólio de escritórios PREOF, que a Cerberus adquiriu por um valor entre 150 a 170 milhões de euros-, contribuindo fortemente para que o valor médio por negócio tenha duplicado face ao ano anterior, situando-se agora nos 67 milhões de euros, «ou seja, outro máximo histórico», reconhece a responsável da Cushman & Wakefield.
Quanto aos próximos meses, Paulo Sarmento, Head of Capital Markets na Cushman & Wakefield Portugal, admite que «é pouco provável que venhamos a assistir a outras transações tão grandes até ao final do ano, até porque estamos a falar de negócios com uma dimensão já atípica para o mercado português». No entanto, «existem alguns portfólios no mercado e temos conhecimento de alguns negócios interessantes já em fase final de fecho», diz, reiterando que «o interesse dos investidores institucionais se mantém» pelo mercado nacional.
No futuro, é também expectável que o retalho, e em especial os centros comerciais, perca a sua preponderância enquanto classe de investimento que mais capital atrai para o país, até porque este é um dos segmentos mais negativamente afetados pela pandemia, reconhecem aqueles responsáveis. Ainda assim, adiantou Paulo Sarmento, «é possível que ainda hajam mais algumas operações neste setor em 2020, mas envolvendo sobretudo supermercados e ativos big box, que são ativos que estão a despertar um forte interesse junto dos investidores».