Ageas mantém interesse em Portugal e vai investir em residências

Depois de ter investido mais de 100 milhões de euros na compra de vários ativos em Portugal em 2021, além de 100 milhões de euros nas novas sedes de Lisboa e Porto, o Grupo Ageas Portugal mantém o interesse no nosso país, e aponta o foco para novos setores, como as residências de estudantes ou residências sénior.Em entrevista à Vida Imobiliária, durante uma visita à nova sede da empresa em Lisboa, Gilles Emond, Head of Real Estate do grupo, afirma que a seguradora investe em Portugal «numa perspetiva de investidor institucional de longo prazo», acreditando que «temos hoje um ótimo portfólio de escritórios, depois de termos adquirido vários edifícios no ano passado. Temos, provavelmente, um dos melhores portfólios de escritórios de Portugal».Emond considera que o mercado de escritórios em Portugal «é bastante saudável. Há poucos projetos disponíveis, não temos grande pipeline para os próximos anos, pois continuam a existir grandes constrangimentos ao nível dos licenciamentos. Por outro lado, temos uma grande procura». Investimento este que quer prosseguir este ano, nomeadamente em cidades como Aveiro, Braga ou Coimbra, além de Lisboa e Porto, mas «não vamos fazer operações de grande volume, por uma questão de capacidade e de gestão».Por outro lado, a Ageas pretende diversificar o seu portfólio, de que é exemplo a residência de estudantes que está a desenvolver no Porto. «Contratos de longo prazo são atrativos para os investidores internacionais como nós. E é difícil encontrar projetos deste género em Portugal».A seguradora está neste momento a trabalhar em dois novos projetos de residências de estudantes e sénior, mas Emond não avança ainda mais pormenores sobre os mesmos. Afirma que a habitação acessível seria interessante para a empresa, mas que é um segmento «difícil».Em Portugal, salienta o problema do licenciamento, não tanto pela demora dos processos, mas pela sua incerteza: «o processo não é claro, este é o principal problema em comparação com outros países. Temos demasiadas surpresas e o processo depende da pessoa com quem se fala, e isto não é normal».Destaca ainda preocupações com os custos de construção e a necessidade de industrialização do setor em Portugal, onde «ainda há um grande caminho a fazer», além das questões da sustentabilidade e da taxonomia europeia. «Em Portugal ainda são poucos os ativos que conseguem cumprir com os standards dos investidores internacionais».Gilles Emond não tem dúvidas de que «o imobiliário continua a ser muito atrativo e a ter muita procura. O imobiliário comercial é saudável, mas temos mais dúvidas no residencial. E temos de ter alguns cuidados com incertezas relacionadas com a inflação, taxas de juro, incerteza geopolítica. Mas acho que, globalmente, continuamos otimistas».

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