Apesar de uma quebra no volume de investimento no primeiro semestre do ano na ordem dos 69%, «tudo indica que a resolução gradual da situação pandémica faça sentir os seus efeitos no mercado ainda este ano», refere a Cushman & Wakefield no seu mais recente estudo relativo à atividade de investimento imobiliário comercial em Portugal.
As estimativas para o volume de investimento no fecho de 2021 apontam para cerca de €2.150 milhões em transações, valor que implica uma quebra face a 2020, na ordem dos 23%. Ainda assim, a se concretizar este valor, ele representará o 4º melhor resultado de sempre do mercado nacional.
Paulo Sarmento, Partner e Diretor de Capital Markets da Cushman & Wakefield, destaca que «o interesse dos investidores estrangeiros no mercado português continua bem vivo. Os principais players do mercado não só reconhecem a boa resposta que o país teve face à pandemia, mas estão também pressionados pelos elevados níveis de liquidez que registam». No entanto, acrescenta que «este apetite dos investidores está mais polarizado, com uma forte preferência por ativos em localizações prime, com contratos bons e inquilinos sólidos. No que diz respeito a ativos mais periféricos, ou com um perfil de rendimento menos estabilizado, torna-se muito difícil compatibilizar as expectativas de preço de compradores e vendedores».
Se observarmos segmento a segmento é facilmente perceptível uma aposta clara dos investidores no mercado de escritórios e que captou 43% do total do investimento deste semestre. Os setores alternativos afirmam-se cada vez mais junto dos investidores institucionais, e foram responsáveis por 32% do total investido. A menor atratividade dos ativos de retalho ficou evidenciada pela segunda mais baixa alocação de capital da última década: apenas 15% do volume de investimento no 1º semestre de 2021 foi conduzido para ativos de retalho.
«O interesse dos investidores internacionais está cada vez mais focado nas áreas de logística e de residencial de rendimento. Infelizmente não temos em Portugal muitos ativos nestas categorias, o que explica o baixo volume de investimento até à data», explica Paulo Sarmento.
Contudo, o mercado acredita que esta quebra no volume de investimento seja «substancialmente corrigida até ao final do ano». A Cushman & Wakefield destaca que o volume adicional de negócios com uma probabilidade muito elevada de fecho até ao final do ano totalize €1.600 milhões. Ao cumprir-se, este número aponta para um volume de transação em 2021 de cerca de €2.150 milhões em ativos imobiliários de rendimento. E, ainda que este valor represente uma quebra de 23%, face a 2020, importa destacar que se tratará do 4º melhor resultado de sempre do mercado nacional.
De acordo com a previsão da Cushman & Wakefield, os negócios de grande dimensão marcarão a sua presença na segunda metade do ano e ativos hoteleiros poderão ser a grande surpresa em 2021. Cumprindo-se todas as operações atualmente em curso, o mercado de hospitality será o segmento com maior alocação de capital em 2021, na ordem dos 35%.
2022 poderá trazer um volume de investimento na ordem dos €3.000 milhões
De olhos postos no futuro, as perspetivas para 2022 apontam para uma retoma da atividade de investimento para níveis pré-pandémicos. «Hoje, somos capazes de identificar cerca de €800 milhões de negócios com elevada probabilidade de fecho em 2022. Tendo em conta esta nova realidade do mercado, em que os negócios off market se tornaram cada vez mais frequentes, é muito provável que em 2022 voltemos aos volumes de investimento próximos dos €3.000 milhões», destaca Paulo Sarmento.