A informação foi dada esta semana pela C&W na sua apresentação de resultados da empresa, balanço de 2015 e previsões para 2016. Eric van Leuven, managing partner da C&W em Portugal, comentou que «o ano correu muitíssimo bem para o mercado em geral», apesar de «não termos chegado aos 2.000 milhões de euros que prevíamos. No caso da C&W, cerca de 500 milhões de euros em volume de negócios derraparam para 2016», o que fez com que o valor não fosse atingido, explica. «Continua a ser o melhor ano de sempre, acima do melhor resultado de 2007».
Só a consultora esteve envolvida em 23% dos negócios do lado do vendedor e em 49% do lado dos compradores, excluindo negócios diretos, num ano que foi também risonho para a empresa em Portugal.
Em 2015, duplicou o valor médio por transação, que foi de 40 milhões de euros, face aos 15 milhões de 2014. 90% do capital foi estrangeiro, particularmente de americanos, mas mesmo nos restantes 10% identificados como portugueses (por exemplo no caso das sociedades gestoras), haverá também mais capital estrangeiro. Estes investidores foram muito variados, havendo praticamente um tipo de investidor para cada tipo de produto diferente, seja industrial, retalho, escritórios ou habitação, etc. Uns focam-se na compra de portfólios de maiores dimensões, como a Lone Star ou a Blackstone, outros em oportunidades mais pequenas e particulares. O que é certo, é que variedade é a palavra de ordem.
De salientar também que 65% do investido foi aplicado no setor do retalho, onde pesa também bastante a compra dos fóruns Almada e Montijo, a maior operação do ano. 20% foi aplicado nos escritórios, e 8% foi aplicado na hotelaria, onde se inclui a compra dos Tivoli pelo grupo Minor. Já as operações de reabilitação urbana representaram 73 milhões de euros no centro de Lisboa.
Cenário otimista mantém-se este ano
Além de haver vários negócios prontos a ser fechados já no início do ano, a C&W sente que o ano de 2016 vai também ele ser positivo, «esperamos que seja pelo menos tão bom como 2015», comentou Eric van Leuven.
Este ano, a tendência continua a ser de recuperação e crescimento, nomeadamente do setor dos escritórios, que deve manter esta tendência «modesta mas sustentada», com o ressurgir de novos clusters, tais como a zona ribeirinha de Lisboa. Estão em pipeline cerca de 50.000m² de escritórios na cidade de Lisboa, todos eles no centro da cidade, um valor relativamente pequeno para a procura que se espera e que já se faz sentir, principalmente por áreas maiores.
A C&W prevê também que se mantenha a atividade da reabilitação urbana, que vai continuar a ser «extremamente importante. Há muitas zonas que ainda estão por reabilitar além das zonas prime. Acredito que daqui a uns tempos não haverá mercado só para milionários ou turistas, mas também para as pessoas “normais”», referiu.
Por outro lado, pode ser este ano atingido novo recorde a nível do volume total de investimento, se o ritmo de 2015 se mantiver e se as previsões se confirmarem. Questionado sobre a questão das eleições e novo Governo, e sobre a influência que isso tem ou não nas decisões dos investidores, Eric van Leuven explicou que «não se sente apreensão em relação ao novo Governo», mas os investidores «preocupam-se com a estabilidade fiscal».
O melhor ano de sempre da C&W
Não revelando valores exactos, em 2015 a C&W cresceu 27%, face ao ano anterior, tendo o escritório português sido o mais rentável da Europa (dentro da sua escala).
Todas as linhas de serviço da consultora registaram uma rentabilidade positiva, sendo que os departamentos mais bem sucedidos foram os de retalho, escritórios e investimento. As áreas de gestão de imóveis e gestão de projetos também registaram resultados satisfatórios.
Neste ano, a C&W fez 15 novas contratações, e «a ordem é para crescer» em 2016, especialmente depois da aquisição da DTZ, que «implica muito crescimento globalmente», explicou o managing partner da consultora.