Estas perspetivas para o próximo ano são apuradas pelo inquérito da AHP “Balanço e Perspetivas”, esta 3ª feira apresentado à imprensa, segundo o qual os hoteleiros confirmam uma subida na taxa de ocupação e no preço médio por quarto em 2015. Prevêem, por isso, fechar o ano com uma melhoria significativa em todos os indicadores, e estão animados para o próximo ano.
Sem surpresa, «prevemos terminar o ano com valores superiores aos de 2014, quer da taxa de ocupação quer do preço médio por quarto vendido», comenta Cristina Siza Vieira, presidente executiva da AHP. Explica que «as principais regiões motor do turismo continuaram a ser em 2015 Lisboa, Madeira e Algarve», com o Porto a conseguir «uma evolução muito interessante», mas mantém-se o gap entre os melhores e os piores destinos em termos de performance hoteleira: a taxa de ocupação por quarto tem variações de 36,56% a 79,72%, e o RevPar de 17,5 a 69,18 euros.
Este inquérito, feito as associados da Associação de Hotelaria de Portugal, mostra também que os melhores meses do ano de 2015 foram setembro, que passou a ser o melhor dos 3 do verão, agosto e julho, tal como no ano passado.
Os destaques deste ano vão para a Madeira, com aumentos em todos os indicadores, o Minho, onde a taxa de ocupação subiu 7,66% no acumulado do ano, para o Grande Porto, que conseguiu uma taxa de ocupação de 81,88% neste período, ou para Lisboa, que conseguiu um RevPar de 69,18 euros, mais 12,82% que no período homólogo. Os Açores têm conseguido alguns dos crescimentos mais expressivos, conseguindo um RevPar de 37,99 euros e preço médio por quarto ocupado de 62,51 euros, mais 12,6% e 1,77% que no período homólogo, onde 100% dos inquiridos registaram um preço por quarto vendido superior ao do ano passado.
Este ano, o mercado francês registou uma grande evolução, destacada pela AHP, tendo subido «mais do que o esperado» para 60% dos inquiridos. Portugal continua a dominar, na opinião de 19% dos hoteleiros inquiridos, seguido de Espanha, França e Reino Unido.
Natal e Réveillon
O inquérito realizado mostra que as previsões são positivas para o Natal e para a passagem de ano. Apesar de preverem uma taxa de ocupação por quarto idêntica à do ano passado, a maioria dos hoteleiros considera que o preço médio e o RevPar serão melhores este ano, com o mercado interno a prevalecer na ocupação das unidades hoteleiras, segundo 29% dos inquiridos, seguido de França e Espanha.
Por outro lado, a maioria das unidades não faz intenções de fechar no inverno. 90% dos inquiridos não fechou no ano passado, e 90% não vai faze-lo este inverno. Os que vão fechar, vão faze-lo devido a obras das unidades e/ou manutenção e descanso do pessoal.
2016 deverá trazer melhoria generalizada dos indicadores
Em relação ao próximo ano, os hoteleiros estão bastante optimistas, prevendo uma melhoria de todos os indicadores, tanto da receita total, receita de alojamento, receita de F&B (muito impulsionada pela anunciada descida do IVA na restauração), taxa de ocupação por quarto, preço médio por quarto ocupado e RevPar.
No próximo ano, os melhores meses deverão continuar a ser setembro, agosto e julho, e os piores janeiro, fevereiro e março.
Para os hoteleiros inquiridos, os principais constrangimentos à sustentabilidade do negócio continuam a ser os custos das utilities (água, gás, eletricidade), a preocupação com o quadro fiscal ou a dependência dos operadores online, tais como o Booking
“Estamos num mundo de cidades”
Os “city breaks” e a preferência pelo turismo urbano são a grande tendência da atualidade hoteleira global, e Portugal segue essa corrente. Cristina Siza Vieira explicou na apresentação que os “city breaks” já destronaram o segmento de turismo “sol e mar” a nível global e, no caso português, ocupam o 1º lugar, tendo crescido 60% desde 2007, seguidos pelo segmento “touring/cultural”, “MICE”, que integrou o top 3 pela primeira vez este ano, e “sol e mar”. Por oposição, este ano os segmentos do “golfe”, “turismo religioso” e “saúde e bem-estar” tiveram as piores performances, representando 20%, 19% e 14% dos hóspedes.
A responsável salientou também a crescente procura «pelo chamado “bleisure”, ou seja, business + leisure, que não implica tirar férias, e dá para combinar as viagens de lazer com as viagens de negócios». Destaque ainda para o smart travel, que vai crescendo, ou para o boom do marketing experiencialista.
Só na AML 72% dos visitantes ficaram na cidade de Lisboa, num total de 3,2 milhões de hóspedes que comparam com os 550.000 habitantes. Na capital todos os indicadores cresceram este ano, com mais 14 hotéis que em 2015, mas cresceram mais no Porto, que contou este ano com 5 novos hotéis, espera 2 aberturas em 2016 e tem 30 pedidos de licenciamento pendentes.
Cristina Siza Vieira acredita que «Lisboa tem tudo para ser um destino de “bleisure” no "top +"do mundo. Temos é de saber que tipo de marketing queremos, porque não se pode vender tudo a todos».