A Hostels Hub é um novo projeto na área dos hostels, que pretende marcar a diferença trabalhando com imóveis arrendados, e em propriedades de maior dimensão. A sua primeira unidade, que se situa na Rua do Século, é já o maior hostel do país, com 162 camas, num edifício arrendado, que não chegou a precisar de obras estruturais. Esta unidade ganhou também o prémio Inovação da Timeout de 2015. Os primeiros 3 meses de atividade foram muito positivos, «em linha com as nossas previsões, mas a grande surpresa é que temos mais reservas que o esperado para os primeiros 5 meses de 2016».
Nuno Constantino, Whatever da Hostels Hub, explica que «o que procuramos são projetos através de arrendamento, mas se aparecerem algumas oportunidades muito especiais, podemos ter investidores interessados em comprar e em alugar de volta», sem excluir a opção de fazer obras. Isto porque «a nossa competência é na área de desenvolvimento e gestão do produto, e é aí que nos queremos focar».
Uma das vantagens é contribuir para valorizar o património das cidades, já que «contribuímos para a melhoria da segurança deste bairro, e por exemplo neste imóvel viviam 10 pessoas. O imóvel estava em bom estado de conservação, e tratámos das questões de decoração e equipamento. Procuramos sempre adaptarmo-nos aos imóveis e não o contrário, desde que respondam às necessidades dos nossos clientes».
O objetivo da Hostels Hub é crescer, primeiro em Portugal, e depois em Espanha, com uma meta de 2.500 camas num horizonte de 7 a 10 anos. Nuno Constantino, revela à VI que «estamos bastante evoluídos no desenvolvimento de um segundo hotel em Lisboa, que pretendemos abrir antes do verão de 2016». E como expansão é palavra de ordem, «procuramos outras oportunidades na Costa de Lisboa, que se estende desde Ericeira até Costa da Caparica em imóveis de mais ou menos 600 a 700m². Já estamos com algumas oportunidades sob analise mas ainda não fechamos qualquer acordo».
A empresa pretende apostar em áreas maiores, já que em Lisboa a maior parte dos hostels tem «cerca de 60 camas, o que dificulta a profissionalização da gestão por causa da escala de negócio. O que pretendemos é ter unidades sempre acima das 100, 120 camas, e podermos trazer pessoas boas na área comercial, yield management, redes sociais, ou gestão de receitas, é a lógica que está por detrás deste negócio». A ideia é também conseguir contratos de arrendamento de longa duração, de 10 ou 15 anos. E «cada projeto tem de ser adaptável porque não vamos construir nada de raiz».
Por outro lado, «queremos atrair um conceito de mercado que já representa 40% da procura internacional segundo os últimos estudos europeus», explica Nuno Constantino, «que são os grupos, que Lisboa tem alguma dificuldade em atender» devido à dimensão das unidades de alojamento. «Temos uma escala média de hostels de 40 camas, enquanto que o maior player europeu tem uma média de 600 camas. E Lisboa tem espaço para criar uma oferta diferenciada».
Aposta nas áreas públicas e na interação
A Hostels Hub prima também pela importância que dá às áreas públicas dos hostels. No caso da sua unidade existente, o hostel está equipado com zona de estar, bar, piscina de bolas, área de jogos com consola, cozinha partilhada, entre outras valências. Isto porque «embora estes novos clientes procurem um espaço para dormir e passar o dia fora, acreditamos que há dias em que estão mais cansados, têm uma viagem ou está a chover e por isso apostámos bastante nesse tipo de espaço».
Ao contrário do que se poderia pensar inicialmente, os hostels começam a ser procurados também pelo segmento business, «os chamados de “young professionals”, pessoas que vêm trabalhar mas ao mesmo tempo querem ficar num sítio onde possam conhecer pessoas e trocar experiências, e os hostels fomentam precisamente um espaço que faz isso, como uma cozinha comum, bancos corridos, etc», explica Nuno Constantino. O responsável acredita que «é preciso desmistificar a questão do preço: isto não é um cliente “pé descalço”, até porque todos os estudos internacionais mostram que este cliente não gasta menos dinheiro que os outros, mas gasta é de forma diferente, gasta menos na estadia em si e mais em experiências, por exemplo. E não é um turista que não deixa valor na cidade, não é um turista low cost, é um turista “diferent cost”, o que não é diferente de há 20 anos quando apareceram as primeiras low cost».
A lógica é de que «numa viagem de 7 dias, as três horas que passo no avião não são relevantes na viagem no seu todo», compara, «e como as horas que estamos acordados num hostel são tão poucas, também não é necessário, por exemplo, uma casa de banho 24 horas por dia alocada a mim, quando só a vou usar cerca de 20 minutos num dia. O que é importante é assegurar que a casa de banho está em condições quando a pessoa a usar», e é nesta lógica que a HUB opta por «investir em pessoas».
Por outro lado, acredita que uma estadia num hostel pode “render” estadias futuras em alojamentos hoteleiros de outros tipos, já que estes hóspedes podem voltar posteriormente à cidade em contextos diferentes, «porque vieram primeiro para uma despedida de solteiro e quiseram ficar todos juntos. Mas depois quando volta com a esposa ou a família quer ficar já num boutique hotel, porque quer uma experiência diferente. E acreditamos fortemente que esta pode ser a primeira experiência deles em Lisboa, mas não a única», comenta Nuno Constantino.