No último trimestre de 2024, as rendas dos contratos de arrendamento realizados em Lisboa caíram 2,7% face ao trimestre anterior. É o que revela o Índice de Rendas Residenciais da Confidencial Imobiliário.
Após um período de fortes subidas devido à inflação e à incerteza legislativa e fiscal, as rendas contratadas em Lisboa têm vindo a dar sinais de estabilização no último ano e meio, com diversas variações trimestrais residuais, numa trajetória que culmina, no 4º trimestre de 2024, com a maior descida dos últimos quatro anos.
A taxa de variação homóloga reflete esta tendência, atingindo 1,0% no 4º trimestre de 2024, em forte travagem face aos 8,7% registados no trimestre final de 2023.
A contenção dos valores de contratação ocorre no contexto de um aumento de 41% no stock de casas para arrendar (na comparação do 4º trimestre de 2024 com o período homólogo de 2023, conforme a amostra do SIR-Arrendamento), comprovando a inter-relação entre o comportamento das rendas e a dinâmica de oferta.
“Verifica-se que em momentos de reforço de oferta, abranda a pressão sobre as rendas, ao passo que uma maior contenção na entrada de casas no mercado resulta em aumento dos valores contratados”
«De facto, considerando o Índice de Rendas Residenciais e a evolução da oferta acompanhada na base de dados SIR-Arrendamento, verifica-se que em momentos de reforço de oferta, abranda a pressão sobre as rendas, ao passo que uma maior contenção na entrada de casas no mercado resulta em aumento dos valores contratados. É o funcionamento normal de um mercado», começa por explicar Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário.
«Isto acaba, contudo, por gerar um paradoxo, nomeadamente no que diz respeito à capacidade de atração de nova oferta para o mercado. Ou seja, um contexto de subida de rendas atrai mais proprietários ao mercado, levando a um reforço da oferta, que, por sua vez, acaba por retirar pressão sobre os valores de arrendamento, voltando, assim, a afastar alguns proprietários», acrescenta o diretor da Confidencial Imobiliário.
A oferta começou a aumentar na sequência de um período que levou a um crescimento acumulado de 30% nas rendas, traduzido em patamares inéditos de valores médios contratados da ordem dos 18,0 euros por metro quadrado, conforme os dados do SIR-Arrendamento.
Apesar do referido arrefecimento das rendas ao longo dos últimos trimestres, o mercado sustentou esta ordem média de valores, continuando a atrair um número crescente de proprietários a colocar a sua oferta para arrendamento.
No 4º trimestre do ano transato, a renda média contratada em Lisboa era de 19,0 euros por metro quadrado, a qual compara com a de 12,2 euros por metro quadrado registada no 1º trimestre de 2021, período em que se registou o anterior pico máximo de volume de oferta para arrendar e face ao qual os atuais stocks, mesmo em tendência de expansão, se mantêm 26% abaixo.