As expetativas dos operadores do mercado residencial, relativamente à evolução das vendas e dos preços no mercado residencial, apontam para um crescimento ao longo deste ano. É o que revela o inquérito mensal de confiança Portuguese Housing Market Survey (PHMS), desenvolvido pela Confidencial Imobiliário em parceria com o RICS.
Desagravamento dos indicadores de procura e vendas
Mediadores e promotores imobiliários iniciaram o ano mais confiantes quanto à evolução dos preços, segundo os resultados de janeiro do inquérito, que constatam ainda um desagravamento dos indicadores de procura e vendas, que, apesar de se manterem em terreno negativo, recuperaram para leituras mais favoráveis face ao final do ano passado.
Tendo em conta os preços da habitação, um saldo líquido de +13% dos inquiridos indica um aumento de preços, um indicador que regista um aumento, face aos +10% de janeiro, e que sustenta o facto de que mais agentes notarem agora subida de preços.
No que concerne ao comportamento dos preços nos próximos 12 meses, as expetativas continuam positivas, com um saldo líquido de 21% dos inquiridos a antecipar um aumento dos preços (+20% em dezembro) para 2023, aponta o PHMS. De referir que este é o segundo mês em que as expetativas de longo-prazo relativas aos preços melhoraram, depois de seis meses a serem revistas em baixa.
Em termos de indicadores de procura, o PHMS de janeiro mostra que a consulta por parte de novos compradores continuou negativa, mas desagravou face a dezembro. Um saldo líquido de -13% dos inquiridos, no arranque deste ano, apontou para um declínio da procura, mas em dezembro esse indicador tinha sido de -35%, de acordo com o inquérito.
Em janeiro, no que respeita às vendas acordadas, o saldo líquido foi de -15% em janeiro, mostrando que a atividade se mantém moderada, mas igualmente refletindo uma melhoria face a dezembro – neste mês, o indicador atingiu os -23%. O inquérito desenvolvido pela Confidencial Imobiliário, em parceria com o RICS, mostra que as expetativas de curto-prazo para as vendas sugerem que a atividade vai manter-se em declínio marginal nos próximos três meses, com um saldo líquido de -7%.
Quanto à oferta, um saldo líquido de -16% dos inquiridos assinalou uma quebra na entrada de novos fogos em venda no mês de janeiro, sinalizando a continuidade de redução de stocks. Todavia, de sublinhar que esta é uma quebra menos acentuada do que a verificada em dezembro, quando este indicador atingiu um saldo líquido de -41%.
“Falta de oferta continua a ser o principal constrangimento da atividade”
«Para os agentes do mercado, a falta de oferta continua a ser o principal constrangimento da atividade, levando a um aumento quer dos preços quer das rendas. De facto, os principais comentários dos inquiridos em janeiro realçam a importância de aumentar o número de fogos para venda e arrendamento de forma a reduzir a pressão da procura. Esta é uma situação especialmente óbvia nos mercados prime focados no comprador internacional e nos mercados secundários dirigidos à classe média nacional», clarifica Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário.
No entanto, o responsável alerta que «os resultados do inquérito de janeiro foram apurados antes do anúncio das medidas do Governo para a habitação, o que significa que ainda não refletem o impacto de tais políticas no sentimento de mercado»
Tarrant Parsons, Senior Economist do RICS, atenta para o facto de que «a atividade no mercado português de habitação continuou moderada no início do ano, com muitos indicadores ainda em terreno negativo. Dito isto, os preços retomaram a sua trajetória de crescimento. Com o ciclo de aumento das taxas de juro ainda em curso, o mercado continuará a sentir os efeitos das políticas monetárias mais restritas nos próximos meses. Contudo, numa nota mais otimista, as notícias de macroeconomia para a Europa melhoraram, afastando-se as previsões de uma recessão».