Portugueses procuram casas até 500 euros mensais

Portugueses procuram casas até 500 euros mensais

 

A imobiliária procurou avaliar detalhadamente as necessidades de habitação do país neste observatório, e concluiu que existe um desfasamento entre a oferta e a procura. O relatório mostra que a aquisição de casa continua a ser a escolha preferencial de 89,7% dos portugueses, e 75% quer continuar a viver na cidade onde reside.

Preferencialmente, procuram um apartamento (61,2%) usado, sem necessitar de remodelações (60%), com 3 quartos (40,9%) e duas casas de banho (49,5%), com arrecadação (74,1%) e garagem (73,1%), com uma área entre 91 e 120 m², (24,1%) localizada em zonas periféricas do centro (43%) ou mesmo nas áreas centrais da cidade (42,2%), desde que tenha disponibilidade de estacionamento (82,6%), boas acessibilidades e transportes públicos (80,5%), e proximidade a supermercados e comércio tradicional (80,1%), numa zona segura (94,5%).

O preço médio que estão dispostos a pagar é inferior a 138 623 euros, financiados por um crédito à habitação que não supere os 500 euros mensais. Para quem tem de recorrer a um empréstimo, a hipoteca representa entre 10% e 20% do rendimento familiar para 33,6% dos consumidores. A taxa de esforço é maior para outro terço dos consumidores, para quem a prestação representa 20 a 30% dos vencimentos. Para 11% dos consumidores, a taxa de esforço excede os 30%. Em Lisboa, a maior parte está disposta a pagar 166.593 euros por uma casa, e 137.587 no Porto.

No entanto, a nível nacional, o valor médio pretendido para compra de habitação contrasta com os 173.252 euros de preço médio de venda, mais 34.629 euros que aquilo a que os portugueses se dispõem a pagar.

Ricardo Sousa, CEO da Century 21, explica que «as necessidades de soluções habitacionais são diferentes, consoante a zona do País, em diversos critérios. Porém, a análise a nível nacional revela desequilíbrios muito significativos entre a oferta e procura de habitação. Mais evidentes são os gaps em termos da tipologia, como o número de casas com mais de três quartos, onde a oferta supera a procura em cerca de 10 pontos percentuais, ou o desajuste entre habitações com duas casas de banho - onde a oferta não acompanha as expectativas dos compradores- e outros elementos complementares. Já em termos das zonas onde os portugueses pretendem viver, os dados da procura revelam uma escassez de oferta de habitações no centro das cidades e um excedente nos subúrbios».

A C21 nota também que, no caso do arrendamento, há «uma escassez significativa de habitações no segmento de preço mais baixo». 51,4% da oferta tem valores abaixo dos 500 euros mensais, um défice de 12,7 pp face aos 74,1% da procura. Existe um excesso de casas com valores entre os 801 e os 900 euros, que representam 11% do mercado, face aos 3% da procura por este tipo de habitação.

Consequentemente, para 38% dos que têm casa arrendada, bem como os que pretendem arrendar, o custo mensal da renda representa mais de 30% do rendimento do agregado familiar, e em 35,6% dos casos, o arrendamento implica gastar entre 20% e 30% do orçamento disponível.