Portugueses preferem ser proprietários, mas preços levam a desistir da compra

Esta é uma das conclusões do “Observatório do Imobiliário Century 21”.
Fotografia de Freepik.

As casas com espaço exterior, e sem precisar de obras, são hoje as mais procuradas. Mas as famílias estão dispostas a ceder, nomeadamente a mudar de cidade, ou comprar áreas mais pequenas.  

A maior parte dos portugueses continua a preferir ser dono da sua casa, ao invés de arrendar, mas muitos acabam por desistir de comprar casa devido aos preços elevados que encontram no mercado.  

Esta é uma das conclusões do “Observatório do Imobiliário Century 21”, apresentado esta quinta-feira, que analisa as dinâmicas da oferta e da procura e o que mudou neste mercado nos últimos anos, nomeadamente desde 2018. Um dos objetivos deste estudo passou por conhecer e compreender as necessidades, preferências e motivações para a procura e oferta de habitação, considerando as opções de compra e venda ou de arrendamento.  

Segundo o relatório, 92,3% dos inquiridos prefere viver em casa própria, embora só 65,3% esteja efetivamente nessa situação. Mais pessoas desejam ser proprietárias hoje do que em 2018.  

No entanto, os preços travam este objetivo. Em 2018, o principal motivo para a desistência da compra ou arrendamento de uma casa era não encontrar o imóvel ideal, mas hoje em dia o grande motivo é o preço. 55% dos requerentes que desistiram da compra ou arrendamento fizeram-no por razões financeiras. 23% apontou não ser a melhor altura, e 18% não encontrou o que procurava.  

A Área Metropolitana de Lisboa segue esta tendência, onde 51,2% dos indivíduos não compram nem alugam devido aos preços da habitação, que não conseguem suportar. Em segundo lugar, apontam o facto de considerarem que não é a altura certa para comprar um imóvel (27,9%).  

Mais pessoas estão dispostas a mudar de cidade. Procuram moradias com exterior 

Sobressai entre as principais conclusões deste observatório que há uma maior apetência por parte dos portugueses para mudar de cidade face a 2018, uma percentagem que passou de 19% para 25%, em particular na faixa entre os 30 e os 39 anos.  

As moradias isoladas cativam mais procura, que cresceu de 28% para 37%, e as comodidades mais valorizadas são os pátios e jardins exteriores.  

Mais pessoas recorrem à venda da casa antiga para comprar uma melhor, fatia que passou de 12% para 25%. Hoje, abdica-se essencialmente do estado de uso da casa, e não tanto da área, como em 2018.  

Há 5 anos, a principal motivação para colocar a casa à venda era para mudar de casa e aumentar a família. Hoje, é a realização financeira ou para mudar para uma casa melhor. 

21% procuram casa pela sua independência, 14% por casamento ou união, 13% para mudar para uma casa melhor. Já 19% dos vendedores procuram realizar liquidez, outros 19% querem mudar para uma zona melhor. 16% querem fazer um novo investimento com o valor que conseguirem dessa venda.  

Concessões têm de ser feitas na hora de comprar ou arrendar 

Os T2 e T3 continuam a ser as tipologias mais procuradas pelos portugueses. No entanto, a maior parte das pessoas procuram um T3 (para comprar ou arrendar), mas acaba por ter de optar por um T2. As áreas acabam por ser menores, para responder ao orçamento disponível. O preço real fica 4% abaixo do valor que os portugueses acreditam que podem pagar, e a renda é semelhante.  

Por outro lado, é necessário fazer ajustes em termos de prioridades relativamente às comodidades da casa, às valências da envolvente e às condições gerais. 21% admitem prescindir de uma casa que não precise de obras. 26% ponderam ceder na área e 25% nas áreas exteriores.   

Na zona de Lisboa, a grande tendência do mercado é a procura por um apartamento usado sem necessidade de obras, nomeadamente em zonas junto ao centro, mas com várias cedências, nomeadamente uma casa menor, com menos área e menos comodidades.  

Até porque, com a subida das taxas de juro, quando os clientes pedem um empréstimo, o valor que podem assumir pela casa baixa, tendo em conta à taxa de esforço limite imposta pelo Banco de Portugal.  

Oferta mantém-se em linha com 2018  

No que diz respeito à oferta de habitação, esta mantém-se em linha com 2018. Os apartamentos T3 usados sem necessidade de obras, com uma casa de banho e área entre os 91 e os 120 metros quadrados, com terraço, varanda e garagem, predominam na oferta ativa e que acaba por ser escoada. Mas as casas absorvidas situam-se no centro da cidade, e as em oferta localizam-se nas zonas periféricas e no centro.  

Mesmo numa localização menos central, a oferta disponível tem elevadas expetativas de preços, com os preços pedidos 7% acima das casas escoadas. No caso das rendas, estas são idênticas.  

Procuram-se casas até 200.000 euros e rendas até 500  

50% das pessoas procura uma casa que custe entre 100.000 e 200.000 euros, sendo que o preço médio efetivamente praticado ronda os 189.823 euros. No arrendamento, 55% procura uma renda até 500 euros, apesar de a média desembolsada rondar os 589 euros. 70% preferem apartamentos usados sem necessidade de obras.  

Na Área metropolitana de Lisboa, o mesmo intervalo de preços é procurado por idêntica percentagem de pessoas, mas o preço médio acaba por ser de 216.466 euros. No arrendamento, a renda média é de 666 euros.