Para albergar turistas que dormem em unidades de alojamento local seria necessário que fossem criados 1.030 novos hotéis em Portugal. Neste seguimento, seria necessário aumentar a oferta hoteleira em mais de 50%, para que o setor da hotelaria tradicional pudesse albergar todos os turistas que se hospedaram em alojamento local.
Estas são algumas das conclusões do estudo pedido pela Associação do Alojamento Local (ALEP) à Nova School of Business and Economics (Nova SBE) – “Avaliação de Impacto do Alojamento Local em Portugal” – assinado pelos economistas Pedro Brinca, João Bernardo Duarte e João Pedro Ferreira.
O estudo ratifica que «não é possível sustentar o contributo do turismo para a economia portuguesa sem o Alojamento Local», o segmento que «mais se destacou pelo seu crescimento e contribuição para o reforço da oferta turística em Portugal». Um aumento da taxa de ocupação hoteleira, mesmo para «valores inéditos na economia nacional, estaria sempre limitada a menos de 15 milhões de dormidas», o que está muito longe das 38 milhões de dormidas observadas em 2019 e 2022.
O estudo da Nova SBE, baseado num inquérito realizado a 1.820 proprietários e gestores, teve como objetivo compreender melhor o setor do alojamento local e divulgar os resultados da análise efetuada. Pretendia-se, também, apresentar um contributo importante para a desmitificação de considerações mais genéricas que têm alimentado o espaço público e o debate nacional iniciado com a apresentação do programa Mais Habitação.
Setor é responsável por 306 mil empregos diretos e indiretos
Na apresentação das conclusões finais do estudo “Avaliação de Impacto do Alojamento Local em Portugal”, as despesas realizadas pelos turistas que se hospedaram em alojamentos locais corresponderam a 306 mil empregos, isto é, 6,2% do emprego nacional. Para o ano de 2019, se ponderado pelo número de hóspedes, por cada 1000 hóspedes que ficam num alojamento local cerca de 18 empregos são criados na economia portuguesa.
O AL tem correspondido a cerca de 40% das dormidas dos turistas em território nacional, estimativa feita a partir da conjugação de dados do INE e do Eurostat. De acordo com o estudo, as despesas associadas aos turistas que ficaram em Alojamento Local cresceram 57% na economia portuguesa no período entre 2016 e 2019.
Mais de 80% dos proprietários têm três unidades ou menos
O estudo aponta que mais de 50% dos proprietários têm apenas uma propriedade e mais de 80% têm três unidades ou menos. Apenas 3% dos proprietários têm mais de 11 propriedades. A grande maioria reporta uma faturação total inferior a menos de 1.000 euros por unidade de AL (46% dos casos). Tendo em conta a totalidade dos alojamentos locais, 58% dos titulares tem um rendimento inferior a 3.000 euros por mês. Assim, a contribuição do AL para o orçamento familiar «é multifacetada».
Proprietários têm visão desfavorável do Mais Habitação
Os proprietários de AL têm uma visão desfavorável do Programa Mais Habitação, frisa o estudo, sendo que um «número considerável» tem a intenção de reduzir os custos com o trabalho e com novos investimentos se esta legislação vier efetivamente a entrar em vigor.
O estudo dá nota que a maioria dos proprietários não considera colocar a sua propriedade no mercado de arrendamento tradicional caso o seu imóvel deixe de servir a atividade de AL. Apenas 13% dos titulares consideram essa possibilidade.
Enquanto «solução alternativa» consideram tanto o arrendamento de médio prazo a estrangeiros (57%) como a manutenção do imóvel apenas como casa de férias e de segunda habitação (50%).