Metade das habitações de construção nova que arrancaram a sua comercialização este ano já foram vendidas em planta, mostra a base de dados “Edifícios em Comercialização”, da Confidencial Imobiliário.
Entre janeiro e junho, foram lançados para venda cerca de 120 empreendimentos residenciais, num total de 4.700 novas casas, das quais 51% estão vendidas.
Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário, comenta em comunicado que «este este resultado acaba por surpreender face ao quadro macroeconómico adverso, em que seria normal esperar uma forte travagem na dinâmica da procura. Contudo, uma taxa de absorção de 51%, que traduz a aquisição de metade da oferta lançada ainda em planta, é um desempenho muito positivo, que contraria a expetativa de um choque de procura». E recorda que «os próprios promotores já tinham indicado no mais recente inquérito de confiança que a Confidencial Imobiliário realizou a este setor – o Portuguese Investment Property Survey – que a menor das suas preocupações é a falta de procura».
O ritmo de absorção da nova oferta lançada mantém-se elevado, mas a verdade é que se mantém a quebra do número de novos projetos e habitações lançadas face ao ano passado. No ano passado, esta base de dados contabilizou cerca de 185 novos empreendimentos residenciais lançados, num total de 8.200 fogos lançados, em média, por semestre – 50% mais do que o que foi registado nos primeiros 6 meses deste ano.
«Estamos numa situação de paradoxo», diz Ricardo Guimarães, num contexto em que «mais de metade da oferta continua a estar tomada, mas em que se constrói bastante menos».
Mais concretamente, «quem avança com os seus projetos regista boas taxas de absorção do produto. Contudo, há muitos promotores a cancelar ou adiar os seus investimentos, reagindo aos constrangimentos de conjuntura. Adicionalmente, alguns projetos estão a ser redirecionados para os segmentos mais altos, não tão afetados pela subida das taxas de juro, na medida em que têm menor necessidade de recorrer a crédito. Isso terá um efeito de agravamento no acesso à habitação», avisa Ricardo Guimarães.
Esta base de dados monitoriza o mercado de promoção imobiliária institucional, que compreende os edifícios de maior dimensão, localizados nos mercados mais relevantes e cuja lógica de comercialização passa pelo envolvimento das agências de mediação imobiliária ou portais imobiliários mais relevantes no mercado. Não abrange projetos numa lógica nem de autopromoção nem um racional de venda em mercados que funcionam à escala local.