Mais habitação: promotores preveem efeitos negativos sobre o mercado

Porto. Fotografia de Aviv Perets, Pexels.
Porto. Fotografia de Aviv Perets, Pexels.

Mais de 90% dos promotores imobiliários apontam que o pacote “Mais Habitação” terá efeitos negativos sobre o mercado residencial. Esta é uma das conclusões do mais recente inquérito Portuguese Investment Property Survey, desenvolvido pela Confidencial Imobiliário e pela APPII.

Os mais impactantes, segundo os promotores imobiliários inquiridos, serão a perda de confiança dos investidores neste mercado, com impacto na redução da oferta e, por conseguinte, dando continuidade ao percurso de aumento dos preços.

Promotores imobiliários fazem uma avaliação negativa em todos os parâmetros

«Inquiridos sobre o impacto do programa nas principais dimensões da sua atividade, os promotores imobiliários fazem uma avaliação negativa em todos os parâmetros. Revelam mesmo que, em muitos parâmetros, o programa parece até produzir efeitos inversos aos pretendidos», elucida Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário.

O responsável adianta que «dos fatores considerados para o índice de impacto, a confiança dos investidores, a oferta para venda e o comportamento dos preços são os mais negativamente afetados, com os resultados a traduzirem uma leitura bastante linear: o programa irá afetar a confiança dos investidores, provocando uma quebra na oferta, da qual decorrerá um estímulo ao aumento dos preços».

Medidas de simplificação de licenciamento são o único fator encarado como positivo

O único fator encarado como positivo, por parte dos inquiridos, trata-se das medidas de simplificação apresentadas para os tempos de licenciamento, embora apenas marginalmente, já que quase metade dos inquiridos aponta que tais medidas não irão produzir grandes resultados.

De referir que o tempo de licenciamento e a burocracia mantêm-se no topo das preocupações dos promotores quanto ao desenvolvimento da sua atividade. A instabilidade fiscal e legislativa passou a ser o segundo fator de maior preocupação, novamente em reflexo do impacto do novo pacote para habitação, de acordo com o inquérito conduzido pela Confidencial Imobiliário e pela APPII.

Agrava-se ainda a falta de atratividade da promoção para arrendamento (build-to-rent), aquando do resultado do anúncio do pacote governativo. Na presente edição do Portuguese Investment Property Survey atinge-se o nível mais baixo de atratividade com, não só, somente 12% dos operadores a considerar esse mercado atrativo (contra 40% no trimestre anterior), como ascendendo a 32% aqueles que o consideram totalmente inviável, uma percentagem que era de apenas 14% há três meses.

Em termos de conjuntura atual do mercado, predomina o sentimento observado no final de 2022, uma vez que nos últimos três meses, aponta-se para uma redução do número de vendas e uma suavização da subida dos preços, daqui resultando um sentimento predominantemente negativo, embora em melhoria face ao último trimestre de 2022.

No que diz respeito às expetativas para os próximos três meses, o padrão é semelhante, antecipando-se um cenário que continua a ser de quebra de vendas, mas em desagravamento da contração, e uma estabilização dos preços, aponta o Portuguese Investment Property Survey.