No ano passado, estrangeiros provenientes de 78 países compraram 1.655 casas na Área de Reabilitação Urbana de Lisboa, num montante total de 894,3 milhões de euros. Em média, os estrangeiros investiram 540,4 mil euros por operação, em 2022. Os dados são apurados pela Confidencial Imobiliário, para transações de habitação concretizadas por particulares na ARU de Lisboa.
O montante investido em habitação na ARU de Lisboa fica 7% abaixo dos 957,5 milhões de euros registados em 2021 e em número de imóveis a quebra é de 10%, comparativamente com as 1.845 habitações adquiridas no ano anterior. Segundo a Ci, o ticket médio de investimento registado, no ano transato, fica 4% acima dos 519,5 mil euros contabilizados em 2021, dando assim continuidade à trajetória ininterrupta de crescimento do valor investido que se observa desde 2016.
Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário, enfatiza que «os níveis de atividade, em termos de montante investido, imóveis adquiridos e nacionalidades ativas, ficam pouco abaixo de 2021, sendo que este último foi um ano recorde influenciado por um contexto de corrida às aquisições para obtenção dos vistos gold, cujas regras seriam alteradas. Deduzindo este efeito, vemos em 2022 uma atividade em níveis superiores a qualquer um dos anos anteriores, o que significa que o interesse internacional não se dissipou depois de Lisboa deixar de ser elegível para os vistos gold»
O responsável acrescenta que «isso é visível pela manutenção dos elevados níveis de atividade e da diversidade das nacionalidades ativas, mas também pelo facto de o ticket de investimento internacional ter aumentado, a par da maior dispersão geográfica do investimento, com bastantes mais freguesias fora do centro a captarem o interesse dos estrangeiros».
Santo António e Estrela mantêm-se como alvos preferenciais
As freguesias de Santo António (€138,0 milhões), Estrela (€135,3 milhões), Arroios (€97,9 milhões), Misericórdia (€89,3 milhões), Avenidas Novas (€78,1 milhões) e Santa Maria Maior (€76,5 milhões) continuam a ser os alvos preferenciais dos estrangeiros, com quotas de 15% a 9% do investimento estrangeiro em montante em 2022.
No entanto, a Ci destaca que há um claro aumento do interesse por várias freguesias do eixo ocidental como Belém, Ajuda e Alcântara, e outras do eixo oriental, casos de Marvila, Beato e Olivais. De acordo com os dados, foi nestas freguesias que o investimento estrangeiro mais cresceu, reforçando a quota destes territórios no mapa das compras internacionais de Lisboa.
Franceses lideram top 5
Com 78 nacionalidades contabilizadas, os franceses foram os estrangeiros mais dinâmicos nesta zona da cidade. Seguem-se os norte-americanos (2º), chineses (3º), britânicos(4º) e brasileiros (5º). Em conjunto, este “top 5” totalizou quase 60% do investimento internacional.
Por operação, são os brasileiros quem mais investe, com um ticket médio de investimento de quase 700,0 mil euros. Os franceses investiram, em média, 625,9 mil euros por transação, a passo que os norte-americanos, chineses e britânicos apresentaram tickets de investimento no patamar dos 500,0 mil euros.
No ano em análise, os estrangeiros mantiveram a sua quota de mercado estável, ficando em 37% do montante total investido e 29% dos imóveis comprados na ARU de Lisboa, pois o investimento de origem portuguesa evoluiu de forma semelhante ao internacional, com uma ligeira quebra face a 2021.
Portugueses investiram 1.513 milhões de euros
Os portugueses investiram 1.513 milhões de euros na aquisição de 4.090 imóveis residenciais na ARU de Lisboa, em 2022, montante que reflete uma quebra de 4% face a 2021, enquanto o número de imóveis caiu 8%.
No ano transato, por transação, os portugueses investiram 369,9 mil euros, o que significa que os estrangeiros investiram mais 45% por operação, um gap semelhante ao do ano anterior. Em termos totais, entre estrangeiros e portugueses, foram adquiridos cerca de 5.750 imóveis de habitação na ARU de Lisboa num investimento global de 2.407 milhões de euros em 2022. O montante investido em habitação na ARU de Lisboa, em termos globais, caiu 5% em volume de investimento e 9% em número de transações, adianta a Confidencial Imobiliário.