Segundos os dados citados pelo Expresso, 15.635 destas habitações eram novas, e só neste trimestre foram vendidas 27.239 casas, mais 33,2% que no período homólogo do ano passado.
Para Luís Lima, presidente da associação, «estes números confirmam a retoma da confiança no mercado imobiliário e o seu papel importante como motor da economia do país», decorrentes também da «normalização da concessão de crédito à habitação por parte do setor financeiro». Este responsável salienta, no entanto, que estes valores poderiam ser ainda mais positivos se não se tivesse verificado o bloqueio na concessão de “golden visa”.
Preços aumentam 3,4% entre julho e setembro
O Índice de Preços da Habitação subiu 0,5% entre julho e setembro, face ao 2º trimestre deste ano, com os preços a subir 3,4% face ao período homólogo do ano passado.
Estes dados foram recentemente divulgados pelo INE, que destaca que «completa-se um período de dois anos em que o IPH tem vindo a apresentar taxas de variação de sinal positivo».
Neste contexto, as casas usadas apresentaram uma variação de 5,2%, superior à verificada nos alojamentos novos, que aumentaram apenas 0,6%. O INE nota que «apesar de terem sido ambas de sinal positivo, as taxas de variação para os alojamentos existentes e para os novos mostraram evoluções distintas, observando-se uma aceleração dos preços do primeiro grupo em 1,8 pontos percentuais e os alojamentos novos uma desaceleração de 1,9 pontos percentuais, comparativamente com o registado no segundo trimestre de 2015».
De recordar que os números da Confidencial Imobiliário notam ainda que setembro registou o crescimento do ritmo de vendas de habitação em Portugal mais rápido dos últimos 5 anos, «sustentado por um aumento constante da procura», que registou o maior crescimento desses 6 meses.
Alguns preços estão acima dos valores pré crise
O DN dá nota de que há algumas zonas do país onde as casas já têm preços acima dos valores praticados antes da crise. Por exemplo o Parque das Nações, em Lisboa, tem já habitação a ser comercializada a mais de 6.000 euros/m².
Por outro lado, na baixa do Porto os valores subiram já 60% desde 2009, mas o crescimento tem sido maior desde o ano passado, um crescimento da procura muito explicado também pela procura de investidores estrangeiros. Mas não é para todas as zonas do país.
Luís Lima explicou à mesma fonte que há zonas do país onde se passa precisamente o oposto, com a oferta ainda superior à procura, classificando a valorização em algumas zonas de Lisboa e Porto como «excessiva». E explica: «na Expo, por exemplo, foi muito valorizada pela grande procura de estrangeiros, essencialmente chineses, à procura dos vistos gold. Na Baixa do Porto, os preços são tão elevados que até é perigoso para o mercado».
De recordar que a zona do Parque das Nações foi a região de Lisboa com as rendas habitacionais mais elevadas no 2º trimestre deste ano, segundo revelou o SIR da Ci, comercializadas a uma média de 10 euros/m², acima da média da cidade de 8,5 euros/m², o que mostra bem a dinâmica da oferta e da procura desta zona, tanto para venda como para arrendamento.
Ricardo Sousa, presidente da Century 21, sente também esta movimentação, referindo que nos anos de 2010 e 2011 «grande parte do mercado estava na banca, com as casas que tinham sido devolvidas aos bancos. E eram de um segmento médio e médio-baixo, algumas casas que seriam vendidas por 140 mil euros foram-no por 90 mil», o que mudou «com a procura estrangeira a contaminar o mercado, valorizando as casas para venda».
Com a melhoria da economia e com a continuação da abertura do crédito, as imobiliárias acreditam que se vai continuar a vender, apesar de «a incógnita ser a falta de oferta, e a reabilitação terá um papel fundamental», realça Ricardo Sousa. Também Miguel Poisson, diretor geral da Era, nota que «as famílias estão a voltar a comprar, porque os preços estão interessantes, as taxas de juro estão a mínimos históricos e há mais confiança e crédito na banca», e Manuel Alvarez, presidente da Remax, acredita que «no próximo ano vai continuar a aposta pelas famílias de classe média, na aquisição de casas para arrendar, com uma rentabilidade de 4% a 5%».
Consensual é a importância de a banca ter «uma política expansionista e responsável na concessão de crédito à habitação» e «que o novo governo mantenha os incentivos fiscais para os investidores estrangeiros», cita a mesma fonte.