Arrendar mostra-se um encargo mais pesado do que comprar casa

Arrendar mostra-se um encargo mais pesado do que comprar casa

A preferência dos portugueses pela aquisição de habitação, em detrimento do arrendamento é cultural, mas parece ser também uma questão de mercado. A Century 21 Portugal e a Confidencial Imobiliário desenvolveram este estudo sobre o acesso à habitação em Portugal, que revela a opção de compra como um esforço menor do que o necessário para o arrendamento de um imóvel no mercado atual.

Considerando o rendimento médio mensal das famílias varia entre os 1919 euros em Oeiras e os 1091 euros em Tavira e que a taxa de esforço recomendada pelo Banco de Portugal é de 33%, a questão que se coloca é ‘qual o esforço de uma família para aceder a uma casa de 90 metros quadrados nas atuais condições de mercado’.

Ora da avaliação de todas as capitais de distrito, particularmente detalhada nas áreas metropolitanas de Lisboa, Porto e região do Algarve, concluiu-se que a «aquisição exige menor esforço financeiro do que o arrendamento em todos os concelhos do País», sendo que «em oito das 18 capitais de distrito, a taxa de esforço para arrendamento supera os 33%».

Na compra, a taxa de esforço fica entre 58% e 13% nas capitais de distrito - e na maioria abaixo dos 20% - com a taxa limite de 33% superada apenas em Lisboa e no Porto. No arrendamento varia entre 68% e 24%, ultrapassando os 33% em oito capitais e ficando entre 30% e 32% noutras quatro.

 

Acesso à habitação está acima da capacidade das famílias em Lisboa e Porto

Nas duas principais cidades do país, o acesso à habitação está acima da capacidade financeira das famílias em ambos os casos, sendo este desfasamento mais vincado em Lisboa do que Porto, e concluindo-se ainda que o arrendamento representa um encargo mais pesado do que a aquisição.

Em Lisboa, o acesso a uma habitação de 90 m² representa uma taxa de esforço de 68% no caso do arrendamento e de 58% por via da aquisição, enquanto no Porto essas taxas são de, respetivamente 35% e 55%. Considerando que as famílias assumam uma taxa de esforço máximo de 33% do seu rendimento disponível, em Lisboa tal permitiria adquirir uma casa de 50 m² ou arrendar uma ainda menor, de 40 m². No Porto, cumprindo o mesmo pressuposto, as famílias teriam acesso a uma habitação de 80 m² por via da aquisição ou de 50 m² caso a opção fosse arrendar.

Mais a Norte, em Braga, o acesso a uma habitação de 90 m² representa uma taxa de esforço de 34%, se optar por arrendamento, e de 18%, se optar pela via da aquisição. Cumprindo o pressuposto de que as famílias assumam uma taxa de esforço máxima de 33% do seu rendimento disponível, em Braga, poderão adquirir 155 m² ou arrendar 85 m². A Sul, em Portimão, o acesso a uma habitação, nos mesmos moldes, representa uma taxa de esforço de 56%, se optar por arrendamento, e de 36% se optar pela via da aquisição. Respeitando a taxa de esforço máxima, em Portimão, poderão ser adquiridos 80 m² ou arrendados 50 m².

Para Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal «é expectável que as taxas de esforço na AML continuem a subir nos próximos meses, e na generalidade dos concelhos, em linha com o aumento da procura de casas nos municípios limítrofes da capital» e nota que «este movimento crescente de concentração urbana, com epicentro na capital, obriga à criação de novas soluções de habitação e implica uma nova visão estratégica de mobilidade intermunicipal e urbana».