A nível global, o mercado das rendas no setor do imobiliário de luxo está a começar a abrandar, com a taxa anual a ficar nos 5,2% considerando os últimos 12 meses. Segundo o mais recente relatório da Knight Frank, parceira da portuguesa Quintela e Penalva, o valor referido é inferior aos 8,1% registados no segundo trimestre e representa o nível mais baixo observado desde o terceiro trimestre de 2021.
Em Portugal, segundo dados da Quintela e Penalva, o mercado de arrendamento continuou a valorizar ao longo de 2023. Nos últimos 12 meses (dezembro de 2022 a dezembro de 2023), o maior crescimento registado foi no Porto (15,9%), seguido de Cascais (12,5%) e de Lisboa (12,3%). E se na capital os preços das rendas aumentaram sobretudo nos apartamentos, em Cascais foram as moradias que mais valorizaram, com um aumento de 19%.
Para Francisco Quintela, sócio fundador da Quintela e Penalva, «o aumento registado reflete a tendência global da falta de oferta face à procura, por um lado, mas também o crescente interesse dos investidores de buy-to-rent em projetos que estão a ser lançados no mercado».
Alex Koch de Gooreynd, responsável pelos mercados suíço, austríaco e português na Knight Frank, enfatiza que «o interesse global pelo Porto tem continuado a aumentar, não só devido à qualidade de vida oferecida, mas também pelos investidores, atraídos pelos preços atrativos dos novos projetos que geram elevados rendimentos de arrendamento».
Segmento "não está imune ao desfasamento crónico entre a oferta e a procura”
O relatório da Knight Frank considera que, à semelhança do que acontece na maioria dos mercados de arrendamento residencial, o segmento de luxo «não está imune ao desfasamento crónico entre a oferta e a procura que se tem vindo a observar desde há mais de três anos».
No entanto, «embora a procura se mantenha forte, a capacidade de os inquilinos continuarem a acompanhar o aumento das rendas está condicionado por uma questão de acessibilidade financeira. Este facto, juntamente com uma ligeira melhoria na oferta do arrendamento, está a limitar o ritmo de crescimento das rendas», lê-se no relatório.
Mercados de arrendamento deverão normalizar nos próximos meses
«Nos últimos três anos, os principais mercados mundiais de arrendamento de luxo registaram um dos booms mais fortes de que há registo, combinando uma tempestade perfeita, de uma baixa oferta reforçada pela reduzida conclusão de novas construções e uma renovada e forte procura, apoiada por mercados de trabalho saudáveis», diz Liam Bailey, global head of research da Knight Frank. Apesar do atual abrandamento das rendas, o investigador argumenta que os mercados de arrendamento deverão normalizar durante os restantes meses de 2024.