O M-ODU, reconversão do antigo Matadouro de Campanhã que deverá abrir no próximo ano, terá a maioria dos seus espaços de escritórios ocupados por empresas ligadas à Mota-Engil, construtora a quem foi adjudicada a obra e a exploração do complexo, que também é promotora do empreendimento. De acordo com o JN, dos nove edifícios destinados a empresas, apenas um permanece por ocupar, estando os restantes preparados para acolher cerca de 700 trabalhadores. Face a esta dinâmica, as áreas de escritório para arrendamento foram retiradas do mercado.
Com cerca de 26 mil metros quadrados, o M-ODU assume-se como uma pequena cidade dentro da cidade, combinando escritórios, restauração, espaços culturais e de lazer, zonas de coworking e salas de conferências. O projeto inclui ainda uma esquadra da PSP.
Para além dos 9 edifícios para escritórios, inclui uma forte componente cultural, com 8.000 m² destinados a galerias e equipamentos públicos, e uma oferta de restauração distribuída por diferentes espaços, entre os quais 600 m² para restauração principal, complementados por uma cafetaria e um quiosque. Prevê ainda uma área de bem-estar com estúdios e espaços de tratamento, assumindo-se como um projeto aberto à comunidade.
Assinado pelo arquiteto japonês Kengo Kuma, em parceria com o atelier portuense OODA, o projeto aposta na sustentabilidade, com reabilitação e reutilização de estruturas existentes, materiais locais e soluções para eficiência energética, qualidade do ar e redução de emissões. O projeto visa conquistar a certificação ambiental LEED Gold.
“Esta intervenção representa não só um marco técnico, mas, sobretudo, cultural para a regeneração da zona oriental do Porto, projetando o M-ODU como referência para a inovação, cultura e espírito de comunidade. Neste momento, estamos a assistir a um momento muito simbólico, a instalação da cobertura, protagonista do projeto que representa o espírito ousado e a visão da Emerge para este lugar”, afirma Sílvia Mota, Chairwoman da Emerge.
Entre as ligações urbanas previstas destaca-se a ponte pedonal que atravessa o conjunto de ponta a ponta e faz a ligação sobre a VCI à estação de Metro do Dragão, reforçando a integração do equipamento na malha oriental da cidade.
A construtora portuguesa vai investir cerca de 40 milhões de euros no equipamento municipal localizado em Campanhã. Recorde-se que o projeto enfrentou várias vicissitudes: em fevereiro de 2019, o Tribunal de Contas recusou o visto prévio ao contrato, decisão que originou o primeiro atraso no calendário. Seguiram-se os constrangimentos provocados pela pandemia, que voltaram a adiar a reconversão do antigo Matadouro Industrial – obras que acabariam por arrancar apenas em 2021.
*Notícia atualizada a 9 de outubro*