Mercado de escritórios caiu 77% em Lisboa no 1º semestre

2ª metade do ano deverá ser mais dinâmica.
Fotografia de ArthurHidden, Freepik.

O mercado de escritórios em Lisboa caiu acentuadamente no primeiro semestre, tendo a ocupação atingido cerca de 38.000 metros quadrados no final deste período, valor este que reflete uma descida de 77% em comparação com o mesmo período do ano passado, indicando um período desafiante para o mercado de escritórios. Segundo dados da Savills, o o volume médio de absorção para a primeira metade dos últimos 5 anos revela igualmente um decréscimo de 58%.

Neste período, o Parque das Nações (Zona 5) e o Corredor Oeste (Zona 6) surgem como as zonas com melhor desempenho: foram responsáveis por ligeiramente mais de 40% do volume total de absorção, contribuindo cada uma com 25% e 18%, respetivamente. A consultora sublinha que todas as zonas do mercado, sem exceção, registaram um declínio no volume de absorção em comparação com os últimos 5 anos, com a Zona Prime CBD (Zona 1) e as Novas Zonas de Escritórios (Zona 3) a registarem os maiores decréscimos de desempenho, acima dos 70%.

«Os resultados do 1º semestre de 2023 enquadram-se no cenário económico de grande incerteza e de maior cautela nos processos de decisão, que afetam principalmente as empresas de média e pequena dimensão. A adicionar a esta conjuntura menos favorável, temos também uma falta de stock disponível de espaços de escritórios de qualidade e a afirmação gradual de uma nova tendência de ocupação de espaços, como os espaços flexíveis. Não obstante, acreditamos que a segunda metade do ano será mais dinâmica e fechará em resultados mais positivos. Os projetos em pipeline provam a confiança de investidores e promotores no nosso mercado de ocupação», enfatiza Frederico Leitão de Sousa, Head of Corporate Solutions da Savills Portugal.

O ano 2022, vai sempre inflacionar e influenciar negativamente as taxas de crescimento de 2023, não significando que haja de todo um abrandamento da procura”

Já Alexandra Portugal Gomes, Head of Research da Savills Portugal acrescenta que «é também muito importante que se compreenda que tivemos um ano outlier, o ano 2022, onde se bateu um recorde histórico de fecho de operações de pré-arrendamento para áreas de grande dimensão. Obviamente que o ano 2022, vai sempre inflacionar e influenciar negativamente as taxas de crescimento de 2023, não significando que haja de todo um abrandamento da procura».

De acordo com a Savills, o setor das TMT's & Utilities continua a impulsionar o mercado de escritórios de Lisboa. Este setor foi responsável pela ocupação de 13.065 m2 de espaço de escritórios no final do 1º semestre de 2023. Ainda que o volume de absorção tenha diminuído nos últimos seis meses, a renda prime fechou nos 27€/m2 /mês, mantendo a sua estabilidade.

2ª metade do ano deverá ser mais dinâmica

Esta sustentabilidade está assente na escassez de produtos de qualidade e pelo forte apetite das empresas, em especial das de maior dimensão, com orientações rigorosas em matéria de critérios ESG e de sustentabilidade, aponta a consultora. À medida que avançamos para a segunda metade do ano, as previsões são mais encorajadoras e não se esperam pressões descendentes na renda prime.

Mercado de Escritórios do Porto

No Porto, o mercado de escritórios somou um volume de absorção total de 25.184 metros quadrados no primeiro semestre. Embora o volume de absorção tenha sido 17% inferior ao registado no mesmo período do ano transato, foi 9% superior ao volume médio de absorção dos últimos quatro anos. A Savills constata que este resultado foi alcançado pelo fecho de 32 operações, incluindo sete operações com mais de 1.000 m². Estas operações elevaram a área média ocupada do 1º semestre aos 787 m².

Neste período, a Zona Out of Town registou a melhor performance com um volume de absorção total de 9.361 m², seguida da Zona de Expansão com 8.058 m². Mas o maior aumento percentual de volume de absorção foi observado na Zona de Expansão com um aumento superior a 500% face ao mesmo período de 2022, justificado por ter sido palco da maior operação do semestre acima dos 5.000 m². Os setores das TMT´s & Utilities e Consultores & Advogados foram os mais dinâmicos nesta primeira metade do ano, contribuindo para 54% do volume de absorção total.

Graça Cunha, Offices Associate da divisão do Porto da Savills Portugal, refere que «no final dos primeiros seis meses do ano, um período marcado por análises cuidadas e decisões ponderadas, é de salientar que o mercado de escritórios do Porto continua a demonstrar uma estabilidade notável. Apesar dos muitos desafios que caracterizam o mercado imobiliário este ano, um dos principais indicadores da atratividade do mercado para além do volume de absorção é o seu pipeline que reflete a confiança que investidores e inquilinos têm no mercado do Porto e no seu potencial de crescimento. Todos estes fatores conjugam-se para fazer do Porto um destino cada vez mais atrativo para as empresas que procuram estabelecer uma presença num mercado dinâmico e com visão de futuro».

Até ao final de 2023, é esperada a conclusão de aproximadamente 35.700 m² de novos espaços de escritórios com a Zona Out of Town a receber cerca de 19.000 m².