A JLL e a AON apresentaram o seu estudo “Novos Modelos de Trabalho - Empresas e Colaboradores em Portugal”, tendo como objeto de estudo a análise de novos modelos de trabalho e tendências futuras, considerando a aceitação das pessoas e as mudanças nos espaços de trabalho. Com mais de 200 empresas participantes (70% delas são multinacionais), que operam no mercado nacional, de 17 setores e mais de 400 colaboradores inquiridos, foram desenvolvidos dois questionários: um dirigido às próprias empresas e outro aos seus colaboradores.“Se estamos a voltar para os escritórios é porque eles conseguem trazer alguma coisa”Na apresentação do estudo, Caetano de Bragança, Head do Departamento de Workplace Strategy da JLL, referiu que as empresas «começam a estabilizar e a procurar perceber quais as estratégias que melhor funcionam no seu negócio» e que a ideia é que os espaços de trabalho «acelerem os processos das empresas»: se «estamos a voltar para os escritórios, é porque eles conseguem trazer alguma coisa», acrescenta.Para Caetano de Bragança é fundamental perceber «as mudanças de mentalidade das novas gerações, em que o trabalho pode não ser o principal propósito de vida. É toda uma transformação que tem também que ver com a sustentabilidade e com o caminho da descarbonização». Já Nuno Abreu, responsável pela área de consultoria da AON, conta que «não sabemos qual será o modelo do futuro, se terá mais ou menos flexibilidade. Sabemos que a deslocação é muito importante, além do espaço em si, por exemplo».Dados chave:De acordo com os dados divulgados no estudo, 9 em 10 empresas oferecem medidas de flexibilidade no trabalho: 26% das empresas dá apoio financeiro para suportar as medidas de flexibilidade no trabalho; 99% das empresas sentem que as expetativas dos colaboradores foram satisfeitas relativamente à oferta de medidas de flexibilidade, mas que poderia ser melhor; 60% das empresas que permite flexibilidade obriga a um mínimo de trabalho presencial de 2 dias por semana. A maioria obriga a 3 dias; 65% dos colaboradores consideram muito importante a existência de políticas de trabalho flexível numa tomada de decisão na mudança de emprego e 37% recusariam ofertas em empresas sem políticas de trabalho flexíveis, mesmo que as condições fossem melhoradas incluindo ordenado; ninguém implementa a semana de 4 dias.Quanto à preponderância dos espaços de escritórios, 95% das empresas assinalaram que acreditam que o escritório será importante para o seu futuro; 60% preveem alterar a configuração ou relocalizar o escritório nos próximos 5 anos; 61% das empresas têm políticas de partilha de secretária “hot desk”. Sobre os apoios dados aos colaboradores, a maioria das empresas não deu apoio financeiro aos colaboradores, só 26%, cerca de 400 euros/ano. Já 52% das empresas não alteraram os contratos de trabalho.Qual o impacto das medidas de flexibilidade no plano de benefícios?De acordo com o estudo da JLL e AON, as medidas de flexibilidade impactaram o plano de benefícios, desde o reforço da saúde mental e iniciativas de colaboração ou Team Building, até ao investimento nas condições de home office e maior flexibilidade nos benefícios. No que toca ao impacto das medidas mais flexíveis na organização: muito positivo no worklife balance, na retenção de talento, recrutamento de talento, engagement e entre outros; impacto mais negativo na colaboração, comunicação ou cultura. Muitas vezes a liderança não está preparada para estas mudanças, aponta o estudo.Que papel pode ter o escritório no futuro das empresas?O estudo aponta que os espaços de trabalho vão contribuir para fomentar a colaboração, fomentar a cultura de empresa, construção de espaços focados no bem-estar das pessoas, potenciar a inovação, construção de espaços que respeitam o ambiente e entre outros. No que respeita à configuração dos escritórios, de salientar que a maior parte é open space (22% open space sem gabinetes, 13% salas de trabalho e gabinetes) e 72% dos inquiridos considera que os escritórios estão adequados aos novos modelos de trabalho e para as expetativas dos colaboradores, a passo que 28% considera que não estão adequados às expetativas. No entanto, 65% dos inquiridos estão satisfeitos com o seu escritório.Perspetivas para implementação de novas medidasRelativamente a perspetivas para implementação de novas medidas, a maioria das empresas (60%) aponta que nos próximos 5 anos os seus escritórios serão sujeitos a alterações, seja de layout, seja de localização. Nos próximos 2 anos, 28% considera provável a alteração dos layouts, e 11% deverá mudar de escritório. Mais de metade das empresas (63%) vai olhar para a flexibilidade na atribuição e escolha de benefícios, 43% vai pensar em novos modelos e perfis de liderança, 19% vai reforçar o apoio financeiro e só 2% vai passar a 100% no escritório ou 100% fora do escritório. Ou seja, os extremos não serão a prática.E quanto ao futuro?O estudo “Novos Modelos de Trabalho - Empresas e Colaboradores em Portugal” aponta que todas as políticas das empresas vão procurar garantir que o retorno e o uso dos espaços tenham sentido. Os espaços estão a ser adaptados para que sejam mais sustentáveis, e isso é importante também, com novas alternativas na forma como as pessoas se distribuem, nomeadamente geografias. Tudo é possível: é possível regressar ao cubículo, é possível voltar a ambientes apenas de colaboração, e várias empresas estão a testar esses modelos. Em muitos casos, o futuro passa por adaptar por equipas e por funções.