É uma das conclusões da mais recente edição do estudo “Migração de Empresas”, desenvolvido pela Savills, que tem como objetivo perceber se as empresas tendem a manter-se fiéis à sua localização original ou a aventurar-se em outras zonas de mercado quando pretendem relocalizar ou expandir a sua atividade.
Para a elaboração deste estudo, foram analisadas 201 operações no mercado de escritórios de Lisboa e 76 operações no mercado escritórios do Porto, concluídas no decorrer do ano de 2022.
Frederico Leitão de Sousa, Head of Offices da Savills Portugal, assinala que «a localização continua a assumir-se como um critério integral de seleção de extrema importância. Ao considerarem cuidadosamente a proximidade geográfica, as acessibilidades e a rede de serviços envolvente, as empresas podem garantir que escolhem um espaço de escritórios que não só satisfaça as suas necessidades operacionais, como também atraia e retenha os melhores talentos».
Mercado de Escritórios de Lisboa
De acordo com o estudo da Savills, no mercado de escritórios de Lisboa, a Zona Prime CBD (Zona 1) apresenta a taxa de lealdade mais elevada: 73% das empresas que mudaram os seus escritórios em 2022 optaram por permanecer na mesma zona. Os fatores centralidade e conveniência figuram no topo dos mais atrativos desta zona de mercado, onde a renda prime se situa nos 26 euros/m²/mês.
Em termos de movimentos de expansão de atividade, é de notar que a Zona Prime CBD (Zona 1) mantém a liderança de forma consistente, com 88% das empresas que decidiram expandir as suas operações em 2022 optaram por o fazer dentro da mesma zona de mercado. É também interessante destacar que a Zona Histórica e Beira Rio (Zona 4), apresentou uma percentagem de 77% de empresas que optaram por expandir dentro da sua zona de mercado de origem, segundo o estudo.
Alexandra Portugal Gomes, Head of Research da Savills Portugal, refere que «a vontade em permanecer dentro da mesma zona de mercado sugere que as empresas valorizam os benefícios e vantagens oferecidos por essas áreas específicas. Quer se trate da proximidade a uma rede completa de serviços e transportes, proximidade a clientes-alvo ou prestígio dos edifícios, estas zonas de mercado proporcionam claramente um ambiente propício ao crescimento e ao desenvolvimento dessas empresas».
Em 2022, 84% das empresas que optaram por estabelecer as suas operações no Parque das Nações eram provenientes do Corredor Oeste (Zona 6), realçando a atratividade e o apelo desta zona em particular para as empresas dedicadas a Serviços Financeiros, TMT`s & Utilities e serviços empresas.
O relatório aponta ainda que 78% das empresas que decidiram expandir as suas operações para o Parque das Nações estavam originalmente sediadas na Zona CBD (Zona 2). Estes dados sugerem que as empresas valorizam muito o potencial de crescimento, a modernidade e inovação oferecidas pelos novos projetos que estão a nascer nesta zona da cidade.
Mercado de Escritórios do Porto
No mercado de escritórios do Porto são notórios os movimentos e as preferências das empresas relativamente às suas zonas de origem. O estudo constatou que, quando se trata de expandir as suas atividades, 100% das empresas com origem na zona CBD Boavista voltaram a escolher a Zona CBD Boavista como a sua localização de eleição.
«Este compromisso inabalável com a sua zona de origem diz muito sobre aquilo que torna esta área tão apelativa para as empresas – nomeadamente os fatores centralidade e prestígio. Uma tendência semelhante pode ser observada na Zona CBD Baixa, onde as empresas que mudaram as suas instalações ou expandiram as suas operações optam inequivocamente por permanecer na mesma zona», assinala a consultora.
Ao analisar os movimentos de Novas Empresas, torna-se evidente que determinadas zonas têm uma atração significativa, nomeadamente Outras Zonas e CBD Baixa destacam-se como as zonas de mercado que verificam as percentagens mais elevadas de atração de Novas Empresas, com 49% e 46%, respetivamente. Estas zonas revelam-se como um mercado promissor para as empresas em fase de arranque, aponta o relatório.
«A CBD Boavista por uma questão de acessibilidades, oferta de serviços e localização, tendo a maior concentração de edifícios mais recentes no Porto, continua a ser de facto a zona preferencial. No entanto, devido à falta de edifícios disponíveis com dimensão e amenities (nesta zona), faz com que áreas como Matosinhos Sul se evidenciem na preferência de muitas empresas, com o intuito de reter talento tendo em conta fatores como a proximidade de zonas verdes e do mar, conjugando também acessibildades e transportes», acrescenta Graça Cunha Offices Associate da Savills | Porto Division.
Crescimento expressivo dos espaços de coworking
O estudo da Savills aborda também a tendência e proliferação cada vez maior dos espaços de coworking: com as empresas a adotarem modelos de trabalho mais híbridos e flexíveis, a procura por estes espaços disparou. Lisboa e Porto emergiram como os maiores ímanes para os nómadas digitais, intensificando ainda mais a pressão para a expansão deste tipo de espaços nestas áreas.
A capital portuguesa tem uma vasta oferta de espaços de coworking, com cerca de 125 unidades espalhadas pela cidade, oferecendo diferentes características para todas as necessidades e gostos. A cidade Invicta abraçou a tendência e conta já 47 espaços de coworking que primam pela elevada qualidade.
Alexandra Gomes Portugal, Head of Research da Savills Portugal refere que «nesta terceira edição do estudo, foi mais uma vez evidente que as empresas estabelecem uma ligação forte e de proximidade com as suas áreas de origem. No entanto, à medida que assistimos ao surgimento de novos projetos que marcam um ponto de viragem em termos de modernidade e inovação, as empresas estão cada vez mais recetivas a explorar para além da sua zona de origem».