Apesar dos desafios económicos e das pressões no mercado imobiliário, a maioria dos líderes empresariais globais está confiante no futuro do setor corporativo. Segundo o estudo Future of Work Survey da JLL, que inquiriu 2.300 líderes, dois terços dos participantes pretendem aumentar o investimento em imobiliário corporativo até 2030. Entre as principais prioridades, destacam-se o crescimento das receitas através de fusões e aquisições (57%), a atração e retenção de talento (53%) e a melhoria da eficiência organizacional (54%).
A tendência de regresso ao escritório, em alta desde 2022, levou a que 62% das empresas prevejam um aumento no uso dos seus espaços e mais de metade planeiam expandir a área ocupada nos próximos anos. O estudo revela que 85% das organizações já adotaram políticas que exigem, pelo menos, três dias de presença no escritório por semana, e que 43% esperam que essa frequência aumente até 2030.
Enquanto o modelo híbrido é prevalente em grandes empresas na Europa, o trabalho totalmente presencial é mais comum em pequenas e médias empresas das regiões APAC e Américas, especialmente nos setores da saúde, retalho e indústria.
Os "defensores do escritório" são agora 44%, com políticas que exigem trabalho presencial integral, comparativamente aos 34% em 2022. Estes líderes estão a investir em espaços mais inclusivos e adaptados a diversas necessidades geracionais e culturais, com foco em acessibilidade e bem-estar. Esta valorização do escritório como fator de competitividade também inclui novos incentivos, com mais de um terço dos líderes a ponderar diferenciais salariais para colaboradores com maior presença física.
O estudo aponta o imobiliário corporativo como agente de transformação empresarial, com 70% das atividades ligadas ao setor a depender de Inteligência Artificial até 2030. Em paralelo, a sustentabilidade ganha relevância, com ênfase em práticas ambientais, sociais e de governança, especialmente na EMEA.
«Os resultados do inquérito de 2024 revelam que o mercado de trabalho está a passar por uma transformação significativa a nível global, impactado pelo reforço da tendência da obrigatoriedade do trabalho presencial. A maioria (62%) das organizações prevê um aumento na utilização dos espaços de trabalho, acreditando que o regresso aos escritórios impacta o crescimento do negócio e a eficiência organizacional; enquanto 44% dos líderes inquiridos se assumem “defensores do escritório” e revelando que gostariam de ter os seus colaboradores cinco dias por semana nos escritórios. Este é um movimento complexo, que também verificamos em Portugal, e que não agrada a muitos colaboradores, no qual modelos híbridos cada vez menos flexíveis coexistem com modelos presenciais, variando conforme a região, a dimensão e o setor da organização», salienta Caetano de Bragança, Head of Consulting JLL.
Em todo o caso, conclui que «o estudo mostra que comparativamente a 2022, hoje não só existe uma melhor utilização dos espaços de trabalho como existe uma preocupação cada vez maior dos líderes relativamente à forma como estes incorporam e respeitam os aspetos relativos à Diversidade, Equidade e Inclusão. Já a atração e retenção de talento continua a ser apontada como uma das prioridades estratégicas das empresas. Assim, é cada vez mais importante o desenvolvimento de espaços flexíveis e adaptáveis, à medida de cada organização, com o bem-estar do utilizador no centro da equação; com o escritório a assumir-se como uma ferramenta para garantir a competitividade num mundo de trabalho em rápida transformação».