Empresas criam espaços de trabalho centrados na experiência do colaborador

As organizações contemporâneas enfrentam um novo desafio na criação de espaços de trabalho que não apenas atraiam talentos, mas que também promovam o bem-estar dos colaboradores. Este foi o foco do painel "Gestão de Ambientes Flexíveis: Inovação e Conectividade no Workplace", no âmbito das Jornadas de Sustentabilidade, evento organizado pela APFM – Associação Portuguesa de Facility Management esta quarta-feira, em Lisboa, que reuniu especialistas para discutir a transformação dos ambientes de trabalho. «Temos a certeza de que as coisas estão a mudar rapidamente, se não nos adaptarmos, vamos ficar para trás», começou por dizer Joana Lopes, Diretora de People Experience da PHC Software, enfatizando que a comunicação transparente e as ferramentas de intranet são fundamentais para o sucesso. Para Joana Lopes, o «feedback é fundamental» e o escritório «está montado para promover áreas de trabalho e colaborativas, proporcionando segurança psicológica e contribuindo para que os colaboradores se sintam bem na organização». Na PHC Software, «adotámos um modelo híbrido que inclui dois dias de trabalho no escritório e dois dias dedicados à colaboração. Este formato prevê momentos de avaliação, reuniões de equipa e atividades conjuntas, como happy hours, para fortalecer o espírito de equipa». João Gallego Moura, Partner da EY, partilhou a experiência da empresa na adaptação pós-pandemia. «Tomamos a decisão do novo escritório no pós-pandemia. Deparámo-nos com as pessoas a perguntar qual era o regime de trabalho, antes do próprio trabalho. Durante esse tempo, também registámos uma saída muito grande de managers e seniors, porque começaram a aceitar ofertas a ganhar 3 vezes mais, full remote, a poder viver em qualquer sítio de Portugal. Porque o mercado ficou global. Muitas vezes tinham de se deslocar a outro país apenas uma ou duas vezes por mês. Não há condições mais atrativas que estas». “Adaptámos os espaços à forma como as pessoas desejam trabalhar” O representante da EY destacou que «a nossa mudança consistiu em passar de uma filosofia de workplace para um conceito de people place. Adaptámos os espaços à forma como as pessoas desejam trabalhar». Para isso, a empresa centrou-se na luminosidade natural e na criação de um ambiente que favorece a integração social. «Promovemos a ida frequente ao escritório, mas também apoiamos o teletrabalho sempre que justificado, através de comunicação. Não temos receio de, realmente, obrigar as pessoas a ir aos escritórios. o mundo da consultoria está a mudar, e precisamos realmente do conhecimento, que só acontece no escritório», acrescentou. “O foco é qualificar a experiência do colaborador” Por sua vez, Rita Almeida Martins, Head of Project & Facility Management da EDP, falou sobre a transformação dos espaços de trabalho na empresa. «Depois da pandemia, implementámos um modelo híbrido, libertámos imóveis de que já não precisávamos e otimizámos custos». O foco da EDP é qualificar a experiência do colaborador, «queremos contribuir para o bem-estar físico, social e mental. Temos de ter um espaço cada vez mais atrativo, que alavanque a cultura EDP». A responsável referiu a importância do conceito “The power of choice”, que empodera os colaboradores a decidir entre trabalho presencial e remoto. «Flexibilidade é indiscutível, temos de estar preparados para rápida adaptação, fomentando a mobilidade física», disse, destacando a necessidade de espaços que promovam a colaboração e a interação. «O bem-estar é fundamental nesta narrativa. Consideramos a neuroarquitetura, as cores, texturas e materiais, bem como a amplitude dos espaços, fazendo uma analogia direta com a marca EDP. Desde o estacionamento até ao edifício, criámos espaços exteriores que servem não apenas para lazer, mas também para reuniões», acrescentou. Já Miguel Luís, Marketing and Employer Branding Manager da The Key Talent Portugal, abordou a importância da localização dos espaços de trabalho na atração de jovens talentos. «O edifício é relevante para um jovem numa entrevista de trabalho; se várias opções têm o mesmo valor remuneratório, vão escolher a que oferece melhor deslocação». Para Miguel Luís, os espaços devem ser pensados para garantir o conforto e o bem-estar físico dos colaboradores, sendo que «um modelo não serve para todos. Temos de pensar a longo prazo, porque a desmotivação no local de trabalho é um desafio real». “Os escritórios têm de ser versáteis nas várias formas de trabalhar ” Maria Ana Botelho, Project Leader da Openbook, ressaltou os desafios que as empresas enfrentam na nova realidade. «Os escritórios estão dimensionados para 60% dos colaboradores, e precisamos de saber como usar os espaços vazios». Maria Ana defendeu a necessidade de um equilíbrio entre o trabalho remoto e a colaboração no escritório, uma vez que «nenhuma empresa consegue sobreviver sem a hipótese do remoto, e quem está remoto pede espaços de colaboração». O seu apelo é claro: «os escritórios têm de ser versáteis nas várias formas de trabalhar».

CONTEÚDO EXCLUSIVO PARA ASSINANTES