O responsável falava na apresentação de resultados da empresa esta semana, num encontro com a imprensa, durante o qual afirmou que «há ainda algumas desconfianças com o setor dos escritórios, que deveria ser um setor ‘no brainer’», já que a procura em Lisboa é tanta.
Esta questão tem vindo já a ser apontada por vários players do mercado, sendo que «no Parque das Nações já não há 2.000m² no mesmo edifício», e é precisamente este tipo de área e edifício que as empresas mais procuram agora. A taxa de disponibilidade desceu em todas as zonas de Lisboa, e para Paulo Silva «o desafio para este ano será saber onde estão edifícios para quem quer boas instalações».
Na sua apresentação, a Aguirre Newman realçou que houve uma absorção de cerca de 100.000m² de 2013 a 2015, dos quais 70.000m² dizem respeito a escritórios novos, o que denota a facilidade de escoamento deste tipo de stock, já que as empresas procuram «os escritórios com melhor qualidade».
Em 2013 havia 504.573m² de escritórios usados, em 2014 496.520m²e em 2015 484.804m², ao passo que a colocação de instalações novas levou a que o stock passasse de 98.351m² em 2013 para 25.188m² em 2015. «Temos cerca de 500.000m² de escritórios muitos deles obsoletos e sem condições de capitalização ou de restruturação, já que pertencem à banca ou a fundos» sem capacidade para tal, pois «não podem assumir menos valias nestes ativos».
Paulo Silva lembrou ainda a captação de empresas internacionais para a sua instalação em Lisboa, já que a nossa capital «é uma das capitais europeias mais baratas». E «há quem nem sequer pondere Portugal, nem se trata de rejeitar», alertando, por isso, para a necessidade de esforço de promoção lá fora.
O melhor ano de sempre da Aguirre Newman em Portugal
2015 foi também para a Aguirre Newman o melhor ano de sempre da atividade da empresa em Portugal. Sem revelar valores, a empresa anunciou que conseguiu um crescimento de 47% da sua faturação, e de 85% do EBITDA, aumentando em cerca de 25% os seus recursos humanos, principalmente nas áreas de arquitetura, investimento, asset management e logística, os setores mais ativos do ano.
«Será difícil ter outro ano assim»
Paulo Silva acredita que «será difícil ter outro ano assim», referindo-se a 2015, já que considera que existe o travão «da impossibilidade de vendas dos bancos. A sua parte imobiliária é sempre muito significativa», e considera que há que partir para 2016 com alguma cautela. Até porque, acredita, «quando estamos num ponto tão alto é como se estivessemos numa montanha rodeados de núvens e não conseguimos ver nada à volta: há que descer um pouco para ver para onde podemos seguir caminho».
Este ano, a Aguirre prevê uma quebra da taxa de disponibilidade dos escritórios, tendência para subida das rendas, como consequência, e uma compressão das yields.
Já no comércio de rua, deverá descer também a taxa de disponibilidade, com uma manutenção das rendas e compressão das yields. Uma situação semelhante é esperada no setor industrial e logístico, apesar de ser francamente menos dinâmico que o comércio de rua e de o ano ter sido «muito duro» para esta área em 2015.