Durante o ano passado, muitas empresas desenvolveram esforços para trazer as suas equipas de volta para o escritório depois da pandemia e da maior normalização do trabalho remoto. E tiveram sucesso, pois há mais empresas a reportar maiores taxas de utilização média dos edifícios.
André Almada, Diretor de Escritórios da CBRE Portugal, realça que o estudo “2024 European Office Occupier Sentiment Survey”, elaborado pela consultora, «diz-nos que os escritórios estão a regressar à sua vitalidade e, embora muitos considerem os atuais níveis de utilização estáveis, 30% das empresas espera ainda registar aumentos. Vale a pensa ressalvar que em 2023, a maioria [mais de 60 % dos inquiridos] afirmava esperar manter as presenças no escritório, tendo-se na realidade confirmado o aumento das mesmas. Isto demonstra de forma clara uma tendência de regresso ao escritório, superando inclusive as expectativas dos gestores». E completa que «o escritório pode apresentar-se como um showroom da marca, um ponto forte na batalha pelo talento, uma ferramenta para otimizar a produtividade e uma plataforma para reforçar a cultura e a colaboração».
De acordo com o relatório, que inquiriu mais de 120 empresas, a proporção de empresas que reportam hoje uma utilização média dos edifícios entre 41% e 80% aumentou para 61%, contra os 48% em 2023. Por outro lado, a proporção de empresas que reportam uma utilização abaixo dos 41% caiu, com apenas um terço das empresas a reportar uma utilização de 40% ou menos, em comparação com quase metade das empresas que selecionaram este escalão no report do ano passado.
As maiores empresas, com 5.000 funcionários ou mais, estão a ter maior sucesso na taxa de regresso ao escritório, com quase dois terços deste grupo a reportar uma utilização de 41% ou mais, resultado tanto da dinâmica natural e dos esforços de implementação de políticas de presença, como do aumento da sua atividade.
Em paralelo, a proporção de colaboradores que vão ao escritório três ou mais dias por semana aumentou para 43%, em comparação com 37% em 2023, refletindo o aumento da utilização média. No entanto, o relatório mostra que as aspirações das lideranças das empresas desejariam que este valor se situasse nos 54%.
Apesar de terem níveis de utilização mais baixos, as empresas mais pequenas também estão a registar uma melhoria na taxa de frequência do escritório. As empresas com menos de 5.000 colaboradores registaram um aumento de 18% entre aqueles que vão ao escritório, em média, 4 a 5 dias por semana.
Cerca de 76% das empresas têm algum tipo de política de utilização do escritório ou modelo de trabalho específico em vigor, embora apenas 40% afirmem que esta política é realmente obrigatória. 17% dos entrevistados afirmam que as decisões de comparecimento ao escritório são tomadas dentro de cada equipa, indicando que não existe uma abordagem “one size fits all”, o que dificulta a medição dos níveis de sucesso pelo facto de não existir uma norma.
Consolidação do trabalho híbrido é inegável, e desafio de longo prazo
Apesar deste maior dinamismo do trabalho no escritório, o estudo evidencia que o trabalho híbrido se consolida de forma inegável.
Foi detetada a tendência de aumento da medição e acompanhamento de presenças físicas no escritório. Em 2023, 60% das empresas afirmavam acompanhar e medir as presenças e este ano 83% das empresas afirma esta prática. Sobre este ponto, entende-se que combinar as expectativas dos empregadores com as dos seus colaboradores permanece um desafio a longo prazo.
Maior parte das empresas pretende reduzir área de escritório nos próximos anos
De acordo com o relatório, 57% das empresas inquiridas planeia diminuir a sua pegada imobiliária nos próximos três anos, o que advém do facto das empresas de maior dimensão terem, mesmo que de forma residual, espaço excedente e por consequência a possibilidade de reduzir custos imobiliários.
Mas esta tendência não é universal. 17% das empresas planeiam manter o tamanho atual do seu portfólio imobiliário e outras 25% afirmaram que pretendem expandir, com quase três quartos deste grupo apontando o crescimento do negócio como o principal driver para a procura de novos espaços e aumento do portfólio.
A grande maioria das empresas que afirma querer reduzir a sua área de escritórios planeia fazê-lo no momento de fim dos respetivos contratos de arrendamento. 58% dos inquiridos afirmaram que irão renovar os contratos de arrendamento existentes sempre que estes continuem a ser adequados às suas necessidades. Adicionalmente, esta renovação é provável no atual contexto em que os proprietários mostram cada vez mais vontade de negociar e oferecer mais flexibilidade, indo ao encontro das expectativas dos ocupantes.