Esta previsão é feita no âmbito da 3ª fase do inquérito “Impacto da Covid-19 na Hotelaria”, apresentada a 4 de junho, com respostas fechadas a 29 de maio. As projeções da associação apontam para quebras no número de dormidas entre os 60% e os 80% (entre 34,8 e 46,4 milhões de dormidas).
Quase 40% dos inquiridos respondeu que espera uma quebra entre 60% a 70% para o total do ano. Perto de 20% esperam uma descida entre os 50% e os 60% e entre os 80% e os 90%, ambos.
A taxa de ocupação média da hotelaria em Portugal deverá rondar os 30% até ao final deste ano, calcula a AHP. Segundo Cristina Siza Vieira, presidente da Direção Executiva da associação, os hoteleiros encaram a reabertura de forma «positiva, mas prudente e realista», já que muitos hotéis não estarão a trabalhar em pleno.
Os hoteleiros preveem ter mais reservas feitas no mês de setembro, logo seguido por agosto e outubro. A maioria espera ter uma ocupação até 20%, e apenas cerca de 5% prevê uma ocupação entre 60% e 80% em agosto. No total do ano, mais de 30% dos inquiridos acredita que vai registar quebras na ocupação entre os 60% e os 70%, e 25% acredita que a quebra vai ser entre os 50% e os 60%.
Nos próximos meses, a maior parte das unidades admite uma redução dos preços entre 20% e 40%, com a maior parte dos inquiridos a apontar uma manutenção dos preços ou um desconto de 20% no preço médio por quarto.
34,7% das reservas são do mercado nacional, seguidos pelos 20,7% de Espanha, 16,8% do Reino Unido, 14,7% da França. Também Bélgica, Holanda.
Entre as principais preocupações/desafios para a atividade apontadas pelos hoteleiros, os constrangimentos ao tráfego aéreo surgem em primeiro lugar, seguido logo pelo medo de viajar. «A nossa concorrência é com o medo, e não com outros destinos», diz Cristina Siza Vieira.
De notar também que 68,5% das unidades hoteleiras já tem o selo Clean&Safe do Turismo de Portugal. 30% não pediu ainda, mas tenciona fazê-lo. Uma certificação que «tem uma força de comunicação e de garantia brutal».
Novos protocolos podem custar média de 50.000 euros por ano
As novas medidas de higiene e segurança, agora obrigatórias, terão impacto nas contas dos hotéis.
Estes protocolos deverão representar um custo médio de 3.818 euros por hotel por mês, e 40 euros por quarto ao mês, numa média de cerca de 50.000 euros anuais, «só nestas novas medidas de higiene e segurança, é um custo extra», alerta Cristina Siza Vieira, que lembra que muitos dos hotéis terão também de gerir em paralelo uma quebra acentuada das receitas.
Mais apoios serão necessários
40% dos inquiridos pela AHP recorreu a linhas de financiamento extraordinárias, sendo que a maioria foi apoiada pela Linha de Apoio à Economia Covid-19. 64,5% dos inquiridos recorreu ao regime de lay-off simplificado por 3 meses.
Segundo a AHP, 12% das empresas colocaram todos os trabalhadores em suspensão do contrato de trabalho. 95% das empresas colocaram pelo menos 50% dos trabalhadores em suspensão, e 63% têm até 30% dos trabalhadores em redução do período normal do trabalho. 99% das empresas não despediram nenhum colaborador, e 36% não renovaram contratos a termo até 5% dos colaboradores.
Depois das reaberturas e num contexto pós-covid, 98% dos inquiridos acredita que serão necessárias novas medidas extraordinárias de apoio específico ao turismo por parte do Governo, nomeadamente um lay-off continuado, medidas de apoio fiscal, apoio para aquisição de equipamentos de proteção individual, e financiamentos a fundo perdido (referidos por esta ordem).
A maioria dos inquiridos não tem muita confiança na normalização do turismo internacional em 2020. 37% consideram essa hipótese muito reduzida, e 43% que é reduzida.
Recorde a participação de Cristina Siza Vieira no Conversas Diárias – Especial Covid-19.