Reavaliação de ativos é “um desafio muito importante”

Reavaliação de ativos é “um desafio muito importante”

Falando no Conversas Diárias – Especial Covid-19, este responsável lembrou que, para já, «a CMVM deu diretivas aos avaliadores para manterem a sua atividade normal, podem continuar a fazer os seus relatórios de avaliação, aqueles que periodicamente devem ser feitos. Mas podem mencionar nos seus relatórios de avaliação que, devido à situação da Covid-19, não fizeram uma visita ao local».

Resta saber «como fazer relatórios de avaliação num mercado que a nível de volume ou evidência e conclusão de transações não tem dimensão ou valores com relevância para serem tomados como referência», já que «a “market evidence” é um fator fundamental para estabelecer parâmetros de avaliação corretos, e não apenas os cash-flows futuros. E neste momento, não há mercado».

Manuel Puerta da Costa acredita que «os avaliadores terão de ter bastante prudência na forma como vão ter em conta as avaliações neste período, devem resistir à tentação de estabelecer hipóteses. As suas hipóteses têm de ser confirmadas pela realidade, e neste momento essa realidade não existe». Mas prevê que «não deverá faltar muito para que algumas transações venham ao de cima e sejam anunciadas. O “desconfinamento” a 2 de maio vai permitir que algumas se realizem», apesar de essas terem sido iniciadas «antes da pandemia, não nos darão grande informação sobre o seu impacto» no mercado.

 

Indústria “relativamente tranquila”

Segundo Manuel Puerta da Costa, a indústria dos OICs em Portugal «tem estado relativamente tranquila. Por agora, a única alteração que ocorreu foi a paragem de algumas subscrições que ocorriam de forma regular nos fundos imobiliários abertos, num universo de cerca de 3.000 milhões de euros».

Atualmente, «temos níveis de liquidez relativamente elevados, e isso é sinónimo da prudência dos fundos neste mercado», completa.

 

Habitação acessível pode ser interessante pelo baixo risco

A habitação acessível pode afigurar-se como um produto interessante para os OICs no futuro. O responsável concorda que «podem vir a fazer parte do universo de investidores que estão interessados num conjunto de ativos que sofrem de escassez de oferta».

Até agora, no setor residencial «a rendibilidade era, historicamente, muito inferior a outros setores. Se essa desvantagem competitiva desaparecer, é mais fácil encontrar investidores interessados». Se assim for, «podemos ter um aumento da participação dos OICs» neste segmento, considera. E destaca que «no arrendamento acessível existe ainda a possibilidade de mitigação do risco de não pagamento de rendas através de mecanismos como seguros».