O inquérito “Nova vida, Nova casa?” realizado recentemente pela JLL, pretendeu aferir sobre o impacto da pandemia nas necessidades habitacionais dos portugueses e sobre as preocupações que surgiram com a pandemia, analisando as respostas de 1.400 inquiridos.
Revela que 49% faria ajustes na sua casa por causa da pandemia, nomeadamente criando um espaço de trabalho (51%) e modernizando o espaço exterior (34%). 43% mudaria de casa em consequência do confinamento, por comparação a 19% que estavam à procura de habitação antes de março. E, neste processo de procura de nova casa, a possibilidade de ter um espaço exterior privado foi o fator que ganhou maior relevo, passando de “muito importante” para cerca de 38% dos inquiridos para 60%. Este fator passou a ser mais importante para quem vive em apartamento e/ou com parceiro/a e filhos.
Maria Empis, Head of Strategic Solutions da JLL, comenta que «sendo certo que a principal função da casa será sempre relacionada com o dia-a-dia pessoal, e que a escola, trabalho e o lazer continuarão a realizar-se maioritariamente fora da residência, o facto é que a pandemia confrontou-nos com a necessidade de utilizar os espaços que tínhamos para todas estas funções de forma simultânea. Esta experiência veio mudar inevitavelmente a forma como olhamos as nossas casas e veio evidenciar novas prioridades. A casa pós-Covid deixa de ser um refúgio de final de final/início de dia, muitas vezes com uma perspetiva utilitária, para ser um espaço onde o conforto, o lazer e a facilitação de um leque mais vasto de atividade deve poder ocorrer».
Preocupação com o bem-estar
Este estudo revela que há maior valorização dos espaços ao ar livre em geral, com as áreas exteriores de uso comum, como piscina ou ginásio do condomínio, a ganhar relevância. Maria Empis destaca que surge «uma clara preocupação com as questões relacionadas com o bem-estar e lazer, em contraponto ao pré-covid, quando os critérios de procura de casa eram mais marcados por uma perspetiva utilitarista e quotidiana».
Por seu turno, Patrícia Barão, Head of Residential da JLL, salienta que «a procura por espaços exteriores já era uma realidade em crescimento antes da pandemia, mas o confinamento veio intensificar a importância destes espaços com o aumento das horas que passamos em casa. A existência de espaços exteriores permite maior sensação de bem-estar, praticar exercício físico ao ar livre ou simplesmente relaxar. Só nos últimos 3 meses, em plena pandemia, a JLL teve um aumento de 24% nas vendas e arrendamentos de casas com terraço».
Espaço privado para trabalho ganha importância
Um espaço privado para trabalhar em casa é cada vez mais importante desde o confinamento, com o aumento do teletrabalho. Passou a ser mais importante para cerca de 40% dos inquiridos, mais 20% que antes da pandemia.
Se antes de março 59% dos participantes não trabalhava em casa, agora 84% acredita ser essa a situação ideal, pelo menos um dia por semana, e exige trabalho adequado para tal.
Residencial vai continuar a atrair investimento
E este é um segmento de mercado que continuará a atrair investimento, incluindo de pequenos aforradores. 49% dos inquiridos afirma que já investiu ou pensa investir em imobiliário residencial, mantendo-se a localização e o preço entre os principais critérios da procura.
Patrícia Barão comenta que «o mercado residencial tem sido visto como um dos mais resilientes durante a pandemia, inclusive resistindo à pressão dos preços. O grande impacto foi na atividade de venda, que mesmo assim não parou e já está a recuperar. É um mercado de futuro para o investimento imobiliário e um motor para a recuperação da nossa economia», conclui.