A suspensão do pagamento das rendas fixas nos centros comerciais até ao final do ano, determinada pelo Orçamento do Estado Suplementar, é o principal motivo para que este investimento de 151 milhões de euros esteja em “pausa”.
Em agosto, a Sonae Sierra tinha sofrido, em média, quebras de 18% no tráfego e de 27% nas vendas nos centros sob a sua gestão. Só nos centros da Grande Lisboa, as descidas foram de 36% nas visitas e de 37% nas vendas.
Os trabalhos de expansão do Centro Colombo estiveram previstos para 2019, mas em fevereiro a empresa anunciou o arranque das obras para 2020, com conclusão prevista para 2023. Está em causa um aumento de área de 10.500 m², a criação de uma nova torre de escritórios adjacente com 35.000 m², a abertura de novas lojas, nova praça de restauração, zona de desporto e zona de moda de luxo.
NorteShopping avança
No entanto, o plano é manter as obras de expansão do NorteShopping. «Vamos manter a terceira e última fase de expansão», explica Cristina Santos, administradora da Sonae Sierra Portugal e Espanha, ao DV, fase esta que inclui a abertura do Galleria, um conjunto de lojas premium, no último trimestre deste ano.
Suspensão das rendas é «injusta e desproporcionada»
É assim que Cristina Santos classifica a atual lei de suspensão das rendas fixas dos lojistas. Segundo a responsável, «esta lei transfere para os proprietários dos centros comerciais a quase totalidade do risco decorrente dos efeitos da pandemia nesta atividade, que suportarão a maior parte dos sacrifícios».
E aponta que «aplica-se apenas aos contratos de lojistas em centro comercial, excluindo outros contratos de arrendamento, nomeadamente relativos a comércio de rua ou espaços fora de shoppings, o que nos parece incompreensível».
Considera que «seria inexplicável» que esta lei fosse prolongada no próximo ano, nomeadamente até março de 2021, como pedem os lojistas. Por isso, defende que «desde o primeiro momento, e à semelhança do que sempre fizemos, os apoios devem ser concedidos com base na análise do comportamento e necessidade de ajuda de cada lojista. A aplicação de uma lei cega, que não tem em conta a performance individual de cada operador ou as características do seu negócio leva a que determinados operadores tenham mais apoios do que necessitam e outros menos».
E completa que «a aplicação desta lei resulta num cenário em que as quebras de vendas de operadores que se situem entre 35% e 40% resultem em quebras de rendas de 65% a 70%, o que é claramente desproporcional e abala drasticamente as receitas das empresas proprietárias, que continuam a ter de fazer face a todas as responsabilidades com entidades financiadoras, fornecedores, prestadores de serviços, trabalhadores e demais agentes».