Pandemia abranda subida dos preços da habitação para 7,8%

Pandemia abranda subida dos preços da habitação para 7,8%

A pandemia está a ter um efeito de desaceleração na subida dos preços da habitação em Portugal, que ainda não desceram, apesar da quebra nas transações. É o que mostram os números agora publicados pelo INE, que dão nota de que, no trimestre de referência, a taxa de variação dos preços das habitações existentes foi de 8,2%, ao passo que os preços dos fogos usados subiram 6% face ao ano passado.

De acordo com o IPHab, entre abril e junho deste ano, foram transacionados 33.398 alojamentos, com um valor total de 5.100 milhões de euros, uma redução de 21,6% e 15,2%, face a igual período do ano passado.

Em abril foi sentida a maior diminuição do número de transações, de 35,2% em número e 25% em valor (mês de estado de emergência e confinamento obrigatório). Já em maio e junho, registaram-se variações de -22% e 7,6% no número de transações, respetivamente, e de -14,2% e -7% no valor, pela mesma ordem.

De notar também que a variação trimestral do número de transações foi de 23,3%, a segunda mais elevada da série disponível. É necessário recuar até ao 1º trimestre de 2014 para obter uma diminuição em cadeia tão intensa, segundo o INE. Os fogos usados registaram uma descida de 30,9% e os novos de 19,8%, face ao primeiro trimestre deste ano.

 

Lisboa e Norte representam 63,8% do total de transações

No segundo trimestre do ano, foram transacionadas 11.713 habitações na Área Metropolitana de Lisboa e 9.592 no Norte do país, com estas duas regiões a representar 63,8% do total do país, acentuando o seu peso relativo conjunto, o mais elevado desde o terceiro trimestre de 2018.

Centro (6 392 transações), Alentejo (2 293 transações) e Região Autónoma dos Açores (560 transações) também registaram aumentos homólogos nas respetivas quotas relativas regionais. O Algarve registou um total de 2.323 transações, a maior redução do peso relativo regional, de 1,8%.

A Área Metropolitana de Lisboa registou, no período analisado, 46,7% do volume transacional, num total de 2.400 milhões de euros, mais 0,4% face a igual período de 2019 em termos de peso relativo regional.

Norte (24,6%), Centro (13,0%) e Alentejo (4,1%) registaram também aumentos nas respetivas quotas relativas regionais, ao invés do Algarve, cuja quota se reduziu 2,9% para 8,9% do total.

 

Quebras são justificadas pelo período de confinamento

Para Luís Lima, presidente da APEMIP, estes resultados justificam-se «necessariamente» com a crise sanitária: «nada fazia prever que o setor imobiliário registasse este comportamento no decorrer de 2020. Estávamos preparados para um ligeiro aumento do número de transações, eventualmente de uma manutenção, devido à falta de stock que se fazia sentir, mas nunca de quebras desta natureza que se justificam exclusivamente pelo período de confinamento e Estado de Emergência que vivemos, e que impediu a realização de muitos negócios».

Refere ainda em comunicado que «o impacto que a pandemia tem nas empresas e na vida laboral dos jovens e famílias refletir-se-á nos números de transações. É natural que, em determinada altura, o receio e a instabilidade financeira passem a ser um travão a este tipo de investimento. Será por isso necessário que o mercado saiba estar preparado para gerir as mudanças de paradigma e se ajuste às necessidades da procura, através de alternativas como a aposta no arrendamento de longa duração».

No entanto, o responsável não se surpreende que as subidas homólogas dos preços se mantenham. «Apesar de nas principais cidades os preços terem aumentado de uma forma mais célere, no resto do País esta valorização tem sido mais gradual, ajustando-se à procura e ao stock existente. Tendo em conta as incertezas que o momento atual representa, será difícil avaliar o comportamento do mercado nos próximos tempos».