De acordo com este inquérito levado a cabo pela consultora, em 30% dos mercados inquiridos já se registou um aumento da procura dos ocupantes após o confinamento, sendo que nos países que já não se encontravam em confinamento (dos quais dois terços na região da Ásia Pacífico) ou quase no seu fim, este valor era de 34%.
Realizado com base nas opiniões dos responsáveis de research da Savills em 33 mercados mundiais, inquiridos entre 3 e 5 de junho de 2020, este estudo conclui igualmente que a disponibilidade da dívida imobiliária está em queda e exibe piores condições do que habitualmente, com os bancos a exibir maior cautela e tornar os critérios de concessão de empréstimos ainda mais rigorosos, enquanto muitos investidores continuam a aguardar para ver como acontecerá a recuperação. Um cenário que parece ser mais agudo na EMEA e América do Norte do que na região Ásia-Pacífico, e que parece afetar sobretudo o fluxo de negócios de menor dimensão.
Entre os diversos setores, a logística é o que parece colher as perspetivas mais positivas, graças à escalada da procura por parte dos investidores e às baixas taxas de desocupação; com a maioria (79%) dos respondentes a antecipar um aumento do volume de transações desta classe de ativos no segundo semestre de 2020, numa tendência que se manterá em 2021 e 2022.
O inquérito da Savills sugere igualmente que, a par com a logística, os setores dos cuidados de saúde e, em menor grau, residencial, são os mais resilientes, com alguns mercados a registar crescimento das rendas, embora a maioria dos inquiridos continue a relatar que as rendas se mantêm inalteradas ou até mesmo em queda.
No caso dos escritórios, e depois de o volume de transações ter reduzido substancialmente em quase 90% dos mercados inquiridos durante o 1º semestre, as perspetivas para este 2º semestre são mais animadoras, com metade dos inquiridos a esperar um aumento do volume de transações. Contudo, só em 2021 é que deveremos começar a assistir a uma recuperação mais ampla no volume de transações, num crescimento que deverá ser sustentado até 2022.
«Prevê-se que os volumes de transações comecem a aumentar no segundo semestre de 2020, a que se seguirá um crescimento mais sustentado em 2021, mas a rapidez e a forma da recuperação variarão de país para país. Muitos compradores esperam ver os “chips Covid” a um preço entre 5% a 10%m numa altura em que poucos vendedores são forçados a vender e a reafectar capital. Por conseguinte, a taxa de crescimento dos volumes de investimento no futuro dependerá da conjugação de expetativas do comprador e do vendedor», conclui Paul Tostevin, diretor de World Research da Savills.
Entre os responsáveis da Savills, persistem mixed feelings quanto às perspetivas de valorização dos ativos. No caso dos escritórios, 50% dos inquiridos esperam que os preços permaneçam inalterados no segundo semestre de 2020 e 9% esperam ver aumentos. Em contrapartida, prevêem-se ligeiras descidas nos valores do capital em 38% dos mercados no segundo semestre de 2020, enquanto apenas 3 % contam com descidas significativas.
«Embora ninguém espere que 2020 seja um ano de investimento recorde, esperamos que o 4º trimestre, em particular, seja incrivelmente ativo em termos de chegada de produtos ao mercado e de realização de transações», antecipa Oli Fraser, co-head of Regional Investment Advisory da Savills, EMEA. «Haverá, sem dúvida, uma fuga para ativos estratégicos, mas outra tendência importante que terá um impacto igualmente significativo para nós, a partir de 2021, será a dos preços que os compradores aplicam às condições de mercado neste novo mundo. A principal questão será - os vendedores aceitam a opinião do comprador sobre preços ou aguardam, convictos de que o mercado só pode melhorar?», remata.