Falando à Vida Imobiliária no âmbito do Conversas Diárias – Especial Covid-19, João Cristina salientou que este será um dos setores fortes, «nomeadamente porque o ecommerce vai colocar um peso muito grande sobre os canais de distribuição, e haverá necessidade de mais espaço por parte dos operadores logísticos». E garante que «isso já se está a sentir».
Logo de seguida, os escritórios poderão ser um dos setores menos impactados, nomeadamente pela falta de oferta que se deverá manter: «já havia uma falta crónica de espaços de escritórios em Lisboa, e vários projetos em pipeline que não verão a luz do dia com esta crise, e por isso é expectável que a falta de oferta perdure no tempo». Mas destaca «alguns desafios que virão com o teletrabalho».
Tudo vai depender do tempo que esta pandemia durar, nomeadamente as novas formas de trabalhar, e do tempo até que se descubra um tratamento ou uma vacina para a Covid-19. Se passar muito tempo, «é natural que o vírus tenha um impacto grande nos hábitos das pessoas», acredita João Cristina. «Alteram-se hábitos de consumo, com impacto direto no comércio, e nos hábitos de trabalho. Em vez de termos um rácio de uma pessoa por cada 8 ou 10 metros quadrados, teremos menos. Teremos uma menor ocupação dos espaços por parte de empresas, por outro lado essas pessoas têm de ocupar na mesma o espaço, mesmo que mais distanciadas».
Mas acredita que a tendência não será para generalizar, pois «gostamos muito de socializar. O teletrabalho é uma solução de curto prazo, não acho que essa tendência venha a ser uma realidade futura».
Merlin vai estar atenta às oportunidades
Admitindo o surgimento de novas oportunidades de negócio, a Merlin assume que vai estar atenta ao mercado. «Estaremos atentos a oportunidades de investimento e para adquirir algum ativo que seja uma mais-valia para o nosso portfólio em Portugal», destaca João Cristina, nomeadamente na área logística.
«Nos últimos trimestres, a nossa política de investimento desacelerou consideravelmente, porque achámos que os preços já estavam um pouco sobreaquecidos. Não estávamos a olhar ativamente para novas operações, e por isso não tivemos de abandonar planos». Mas, com a possibilidade de descida de alguns preços durante a crise, a socimi vai ficar atenta.
A atividade de arrendamento da Merlin «continua a decorrer de forma relativamente normal. Há receios, mas não sentimos nenhuma travagem por parte dos nossos clientes, seja em relação a renovação de contratos ou tomada de novos espaços», atesta João Cristina.