É o que destaca o Market Pulse da JLL, agora divulgado, segundo o qual a chegada da pandemia da Covid-19 em março não afetou os números do trimestre.
Neste período, foram concluídas várias operações que já se encontravam em fase avançada de concretização quando o vírus surgiu na Europa, no final de fevereiro. O retalho pesou 55% no volume total investido, e a hotelaria 26%, destacando-se as operações de venda de 50% na posição da Sierra Prime num portfólio de 6 centros comerciais, ou a venda do portfólio dos Hotéis Real.
Já o segmento dos escritórios representou uma quota de 17%, com destaque para a venda do portfólio PREOF, com 52.000 m².
Pedro Lancastre, diretor geral da JLL Portugal, explica que «o mercado imobiliário iniciou o ano com tal robustez que a travagem da atividade nos últimos 15 dias de março devido à pandemia, não impactou o desempenho positivo do trimestre. Este é desde logo um ponto de partida positivo para a retoma pós Covid-19, que acreditamos que começará a desenhar-se a partir do terceiro ou, no limite, do quarto trimestre» deste ano.
Por outro lado, alerta que «devemos ter consciência de que as consequências da situação atual estão ainda por sentir. É inegável que os próximos meses vão ter abrandamentos significativos quer nos níveis de investimento quer de ocupação, bem como nos tempos de realização dos negócios. Ao mesmo tempo, o setor vai ter que lidar com novos desafios que vão exigir que o mercado se adapte. É o caso do teletrabalho, que se impôs de forma disruptiva devido à pandemia, mas que certamente é uma tendência que vai afetar o futuro do imobiliário. O maior uso da tecnologia e dos canais digitais nas vendas de imóveis também veio impor-se neste contexto e vai ficar».
Neste período, a ocupação de escritórios subiu 7%. A nota é também positiva no que diz respeito à habitação. Considerando o universo de vendas realizadas pela JLL, a tendência é de crescimento robusto, segundo a consultora. E também o retalho registou bons níveis de atividade no agregado do trimestre.
Pedro Lancastre remata que «mesmo nestes tempos tão adversos de paralisação global, temos o feedback de que os investidores e compradores, quer nacionais quer estrangeiros, mantêm um elevado interesse por Portugal. Estão conscientes de que atravessamos uma situação complexa, mas encaram-na como temporária, além de que se trata de um mal que afeta todos à escala global. Não é um exclusivo do nosso país».
Está convicto de que «o investimento vai voltar e os negócios vão retomar na segunda metade do ano. Portugal fez um percurso muito sólido de posicionamento internacional na última década, que não vai ser anulado por este vírus».