Imobiliário precisa de antecipar mudanças geradas pela pandemia Covid-19

Imobiliário precisa de antecipar mudanças geradas pela pandemia Covid-19

Naquela que foi a primeira conversa da nova rubrica Iberian Property Investment Talks Roger M. Cooke, também presidente do RICS Espanha, antecipa medidas sanitárias que decerto farão parte do período de adaptação, como é o caso das regras na utilização dos transportes públicos, restrição das regras associadas a viagens ao estrangeiro, limitação no número de pessoas que podem estar ao mesmo tempo num determinado local. Todas estas medidas poderão trazer limitações sobretudo para a hotelaria, retalho e escritórios, mas «também serão uma oportunidade para nos reinventarmos outra vez. Os setores sempre foram criativos», acredita.

Os segmentos do retalho associados ao turismo e a hotelaria são, aliás, os setores que «estão a sofrer muito com esta crise», e os que mais desafios têm pela frente dadas as limitações futuras ao turismo estrangeiro. Ainda assim, Roger M. Cooke acredita que haverá «segmentos especializadas do turismo que serão menos afetados e o turismo local provavelmente se recuperará no longo prazo».

Tal como no turismo, nem todos os segmentos do retalho estão a ser devastados pela crise. O presidente do RICS Espanha lembra que as farmácias e os supermercados, embora tenham restrições no atendimento, estão a ter uma resposta positiva. O segmento da logística também beneficiará com a crise.

Os escritórios são, por outro lado, «uma área interessante do meu ponto de vista», revela Roger M. Cooke. Hoje os edifícios estão desocupados, já que a maioria das empresas está a adotar praticas de teletrabalho, mas a digitalização não deverá dominar as empresas. «Não me parece que consigamos viver sem escritórios», admite. «O futuro será antes uma combinação dos dois mundos, do antes e o depois», acredita.

 

Avaliar ou não avaliar?

Apesar de esta «não ser a primeira vez que estamos perante tempos desafiantes para fazer avaliações dos ativos», Roger M. Cooke considera que a rapidez da mudança do cenário influencia o processo. E depois, explica, que hoje as avaliações precisam de opiniões, dados de mercado, evidencias e transações que estão a ser influenciadas pela atual conjuntura.

Sobre este tópico, Roger M. Cooke explica que o debate hoje não está só em torno de como avaliar, mas sim se as avaliações devem ou não ser realizadas antes de junho, e se forem realizadas qual é a sua credibilidade. Mas reconhece que este paradigma poderá implicar «uma mudança da política» e, portanto, este é um «cenário muito complicado para todos os envolvidos».

Para já, o presidente do RICS Espanha garante que «nenhuma avaliação foi solicitada até ao momento», considerando, por isso, o seu caso «uma exceção, nestes tempos difíceis de avaliar».