Começam a ser pensadas as reaberturas com a chegada do verão e depois do confinamento imposto pela pandemia. As dúvidas são muitas, mas uma coisa é certa: «temos de ser muito inovadores e flexíveis», considera Nuno Constantino, CEO da HUB Hostels.
O responsável falava durante o mais recente webinar da Associação da Hotelaria de Portugal, que promoveu esta discussão sobre a atividade dos hostels em contexto de pandemia. Uma das principais conclusões do debate, moderado por Duarte d’Eça Leal, Co-Fundador do The Independente Collective, é que a digitalização integral dos procedimentos de pagamento será essencial, a par da reorganização dos espaços, para garantir um distanciamento que seja físico, e não social.
Sendo o reforço da limpeza e o cumprimento das normas das autoridades um dado adquirido, também será preciso disponibilizar informação em formato digital, como horários dos espaços culturais, de atividades, e dos procedimentos de higiene e segurança.
As refeições que até agora eram feitas de forma comunitária ou em modo "self service" terão de passar para um modelo Grab & Go ou Kitchen Box. Também o ajuste da oferta de serviços auxiliares, para uma menor dependência dos clientes e maior personalização dos produtos, será necessário.
Nuno Constantino acredita que o turismo jovem, o principal público dos hostels, será extremamente no futuro, porque será esta a faixa etária mais disposta a viajar assim que as fronteiras voltem a estar abertas. «Nós asseguraremos a segurança», garante.
A HUB vai começar por abrir os seus hostels da Ericeira e de Peniche, já em junho, e um em Lisboa no final de junho ou início de julho. Mas deixa o aviso: «Lisboa e Porto vão recuperar devagar, e é importante continuarmos com algum tipo de lay off. A pandemia chegou precisamente no início da época alta».
Levar o hostel para a rua
Kash Bhattacharya, Fundador e Editor do BudgetTraveller.org, acredita que a pandemia pode ser «uma oportunidade de levar a experiência do hostel para o exterior», até porque se prevê que pequenas viagens e passeios na natureza continuem a ser possíveis. «O mundo mudou, agora temos de pensar no bar, no restaurante, nos nossos vizinhos, e não só o que se passa dentro do hostel. Tudo é em torno da comunidade, e essa comunidade cada vez mais será fora do hostel». Está convicto de que nunca se vai perder a «necessidade de interação humana. Estar 100% à distância vai matar a indústria».
Também Anne Dolan, Co-Fundadora da Clink Hostels, acredita que «a interação vai continuar a ser muito importante. Trouxemos alguma dela para o online, e porque a tecnologia já nos tinha distanciado um pouco, preocupa-nos o equilíbrio entre hospitalidade, segurança e tecnologia».
Aumento da despesa é certo
Seja pelo fim de processos “self service”, seja pela diminuição da lotação, Nuno Constantino admite que os custos vão aumentar para as unidades nos próximos tempos, com todos os novos protocolos. «Teremos muito mais custos, mas o importante é que não há regras, tudo muda muito depressa». E acredita que os hostels «podem promover uma série de outras atividades que podem gerar dinheiro».
Anne Dolan aponta que ainda é difícil ter números certos, mas que «talvez nos próximos 2 a 3 meses vejamos o impacto nos custos. Por agora, o nosso budget tem de ser pensado do zero. Temos de faze-lo pelos hóspedes, o nosso público é o budget», lembra.