Estes dados refletem os primeiros resultados o Índice de Volume de Vendas de Habitação, nova métrica agora lançada pela Confidencial Imobiliário para acompanhar o comportamento das vendas de habitação em Portugal Continental. O novo índice baseia-se numa série iniciada em setembro de 2019, e é apurado com base nas transações residenciais reportadas pelos mediadores imobiliários ao SIR-Sistema de Informação Residencial.
Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário, considera que «o lançamento deste novo índice não podia ser mais oportuno, pois os seus primeiros resultados permitem já perceber o impacto da pandemia na dinâmica de transações e, quase em tempo real, acompanhar também os efeitos do desconfinamento».
Estes números revelam que abril foi o mês que registou a maior perda de atividade face a janeiro, considerado o mês de referência pré-Covid-19, mas a redução da dinâmica de vendas é visível desde fevereiro, quando as vendas registaram uma descida mensal de 6%, que se agravou para 17% em março, quando começou o confinamento.
Ricardo Guimarães nota também que «no início do ano, o mercado exibia uma dinâmica de vendas estável que, sem surpresas, a pandemia veio inverter. A quebra na atividade sentiu-se logo em março, mas abril foi o mês mais gravoso, como seria expetável, com uma queda de 53%. Ainda assim, isso significa que, em pleno confinamento, o mercado conseguiu manter um nível de atividade de cerca de metade do pré-Covid, o que não deixa de ser assinalável. É um sinal da sua resiliência, agora confirmada pelos resultados de maio, um mês que, com apenas alguns dias de desconfinamento, já apresenta recuperação mensal das vendas e reduz o declive face ao patamar pré-Covid».
A maior descida mensal registou-se também em abril, em pleno Estado de Emergência, numa descida de 43%, forte agravamento face à variação mensal de -12% registada em março, agora invertida pela subida de 23% de maio.
Subida dos preços de 0,9% mostra resiliência do mercado
O Índice de Preços Residenciais registou uma variação mensal de 0,9% em maio, em linha com os resultados de março e abril.
As variações mensais observadas nestes três meses desaceleram a trajetória de valorização sentida ao longo do ano passado e do início de 2020, quando as subidas mensais oscilaram entre os 1,5% e os 2%. E a desaceleração em termos homólogos começa a ser clara, numa variação de 14%, menos 4% que o pico de 18% registado em janeiro.
O responsável destaca ainda que «o mercado exibe uma clara redução de atividade, mas isso não se reflete numa descida nos preços. Sendo esta a variável que faz a síntese de todas as pressões, tal sugere que o mercado está a resistir à estratégia de redução de preço em reação à quebra nas vendas, pois existe uma forte convicção de que os níveis de preços praticados no mercado têm uma forte probabilidade de virem a ser observados novamente após o fim da crise pandémica».