«O fator crítico para o sucesso de cada equipa será o equilíbrio entre o remoto e o presencial», acredita Henrique Pulido, diretor de Recursos Humanos da Brisa, que falava durante o webinar “Workplace Revelation”, organizado esta semana pela Savills, focado nos desafios que as empresas encontram hoje no novo contexto pandémico.
No caso da Brisa, o trabalho remoto estava previsto, mas ainda era pouco utilizado, até este «estágio forçado fantástico», que «está a funcionar muito bem, com reações muito diferentes de pessoa para pessoa», explica o responsável, segundo o qual a empresa tem 900 pessoas a trabalhar de casa. Entre os principais desafios do teletrabalho, destaca a integração de novas pessoas da empresa, a afirmação de novas lideranças ou a gestão de situações de conflito.
Henrique Pulido acredita que o vírus está para ficar, e que as mudanças permanecerão por dois ou três anos. Depois disso, não haverá regresso às antigas formas de trabalho, e por isso o «caminho longo» vai exigir a «construção de novos modelos».
No futuro, admite que a empresa vai incorporar o teletrabalho de forma sistemática, mas não a tempo inteiro. O escritório «será reservado às atividades colaborativas, criativas, reuniões. Temos de tornar o escritório atrativo, é uma revolução absoluta e muito interessante».
E completa ainda que «a Covid-19 é um mundo de oportunidades para o imobiliário e a gestão de pessoas. Toda a gente deixa de estar no mesmo sítio, passa a estar dispersa. É uma delícia para os grandes líderes, um pesadelo para os líderes mais fracos».
Já para a Siemens, o teletrabalho já ia sendo incorporado na maior parte das equipas, como explica Lídia Gama, Head of Real Estate da Siemens, segundo a qual o modelo começou a ser implementado em 2013 à medida das necessidades de cada área. Ainda antes da Covid.19, o departamento de IT e Shared Services já fazia home office «3 a 4 vezes por semana», exemplifica.
E porque «a maior das nossas equipas trabalha para o mundo todo, à partida já estamos habituados à conectividade com os colegas de outros países. Agora tivemos de fazer isso com os colegas de Portugal». Acredita que «há que saber como adaptar rapidamente os escritórios, se calhar as pessoas vão procurar um novo espírito. Vai ser interessante trabalhar esta mudança de paradigma num futuro próximo», e está certa de que «a mudança de paradigma vai existir e as lideranças terão de se adaptar».
A Siemens vai regressar faseadamente ao escritório, usando novas plataformas de parametrização, marcação de secretárias, entre outros controlos e novidades. «No final, as equipas de facility management serão muito mais valorizadas, são fundamentais neste processo».
Portugal vai continuar a ser muito atrativo
Apesar de ser difícil prever o futuro, José Rodrigues, Managing Director da Zoi em Portugal, está seguro de que «Portugal vai continuar a ser destino para as empresas, durante e depois da pandemia».
Segundo o responsável, «os preços não vão baixar, antes pelo contrário. Vai continuar a ter muito talento também, temos excelentes praias, excelente gastronomia, e nada disto vai desaparecer», além de que «a segurança vai continuar a ser uma grande vantagem face a outros países», conclui.
O trabalho remoto também não é grande novidade para a Zoi, até porque «faz parte da génese da empresa», garante. «Já tínhamos total flexibilidade no espaço de trabalho. A adaptação a este sistema forçado foi muito natural por isso mesmo. Claro que as pessoas têm saudades umas das outras, e os que têm filhos pequenos enfrentam um grande desafio».
Este responsável acredita que «os espaços colaborativos vão continuar a crescer, apesar de as grandes empresas também continuarem a precisar de instalações próprias. O que já existe terá de ser reforçado. A tendência será de “free desk” e salas de reunião. Pode passar a haver uma ferramenta de marcação de mesa», prevê.