José Manuel Pedreirinho, Presidente da Ordem dos Arquitectos, partilhou com a Vida Imobiliária no Conversas Diárias que o setor está a «viver esta fase com apreensão, é um processo de transformação completamente desconhecido». As situações são diversas: «vários colegas têm bastante trabalho e até expandiram a operação, outros ficaram parados de um momento para o outro. Os nossos métodos de trabalho são hoje quase completamente digitais, com muito menos papel, e isso facilita a comunicação, mas as situações com os clientes são muito diversas, depende também do tipo do cliente e do projeto».
Nas câmaras pode estar também «uma oportunidade para melhorar os processos de licenciamento», num «maior esforço digital». Mas também nas autarquias cada caso é um caso: «também aqui as situações são as mais variadas, cada câmara reage de sua maneira».
José Manuel Pedreirinho destaca o caso da Câmara Municipal de Lisboa, que está «a alterar os procedimentos, num processo que já tinha iniciado de desmaterialização total dos processos de licenciamento». Nesse caso concreto, atesta a «maior facilidade, que terá ainda de ser aprofundada e aperfeiçoada».
Noutras autarquias, «pela dificuldade em aceder aos processos digitais ou outras razões, ainda é mais difícil, mas este processo de transformação pode facilitar essa criação de mecanismos de desmaterialização de processos, que são úteis para todos», assegura.
Lançamento de obras públicas poderia beneficiar toda a fileira
José Manuel Pedreirinho acredita que o lançamento de novas obras públicas poderia ajudar toda a fileira da construção e do imobiliário, não só a arquitetura.
«Gostaríamos que houvesse um aumento do número de projetos, achamos que há áreas que poderiam dinamizar o mercado da arquitetura, e nem falamos de projetos de grande dimensão». Exemplifica que «há que repensar vários equipamentos, por exemplo habitacionais, escolas, creches, lares, hospitais, há uma série de trabalhos de remodelação que poderiam ser lançados e incentivados, que poderiam dar trabalho a uma série de colegas em todo o país».
Assegura que a AO tem «tentado que haja incentivo nesse lançamento, e sobretudo um investimento maior. Estamos a acompanhar esta situação que se vai modificando dia-a-dia», conclui. Porque «se os arquitetos tiverem trabalho, a seguir terá também trabalho a cadeia de construção civil».