Esta é uma das principais conclusões do estudo The Future of Office Demand, agora lançado pela JLL, numa altura em que o futuro da procura de escritórios é «tema central de debate em todos os países, à medida que a pandemia de Covid-19 exigiu às empresas que aderissem à maior experiência de teletrabalho da história», realça a consultora.
Desengane-se quem pensava que os escritórios iam acabar depois do coronavírus. O escritório físico vai manter a sua importância enquanto espaço de facilitador de inovação e colaboração e de saúde, bem-estar e produtividade dos colaboradores. Depois de três meses em casa, surgem novos dados que mostram que os colaboradores desejam voltar às suas rotinas habituais, em detrimento do trabalho permanente em casa.
Até porque o escritório reúne uma série de situações que a tecnologia tem dificuldade em replicar. 58% dos colaboradores sentem falta do escritório (com base num inquérito recente da JLL a 3.000 profissionais de vários países), e 65% dos mais novos, até aos 35 anos, desejam regressar. A interação humana e a socialização com os colegas foi aquilo de que mais sentiram falta durante o confinamento, a par do trabalho coletivo cara-a-cara.
Mariana Rosa, Head of Office & Logistics Agency & Transaction Manager da JLL, destaca que «se é claro que o teletrabalho e a pandemia exigem tendências de menor densificação no espaço de trabalho, devido às prudências do distanciamento social, também é verdade que as empresas reconhecem cada vez mais os ganhos de produtividade, colaboração e inovação que a partilha de um espaço físico traz. Isso não vai mudar», diz.
Periferias podem vir a ganhar tração
Christian Ulbrich, CEO da JLL, explica que «a pandemia global forçou muitos empregadores a reconsiderar o papel do escritório no apoio à cultura da empresa e aos seus objetivos. A procura imobiliária segue os ciclos económicos, por isso sabemos que estes tempos sem precedentes também estão a criar oportunidades para que as empresas de todo o mundo re-imaginem as suas necessidades de espaço de trabalho à medida que regressam ao escritório».
Mariana Rosa salienta que «o teletrabalho foi também estudado em Portugal e concluiu-se que existe a necessidade de reequilibrar o tempo passado a trabalhar em casa com o tempo passado no escritório. Isso vai ter implicações nos escritórios enquanto ativo imobiliário, mas acreditamos que será sobretudo a nível da estruturação do espaço e na redefinição dos requisitos de localização, e não necessariamente na perda de área total ocupada».
Este relatório mostra também que as estratégias de localização das empresas podem mudar, tendo em vista um ecossistema mais diversificado. Podem procurar, numa primeira fase, zonas suburbanas em cidades de segunda e terceira linha, nomeadamente as empresas que necessitam apenas de um espaço para os colaboradores interagirem com os colegas em zonas mais próximas de casa. E esta pode ser uma tendência para ficar, já que a ausência do movimento pendular é uma das principais vantagens apontadas pelos colaboradores no teletrabalho (49% dos inquiridos).
A JLL afirma que «é expectável que haja um aumento pela procura de escritórios em subúrbios habitacionais e com boas ligações aos centros urbanos. Apesar disso, as grandes cidades manter-se-ão como as mais atrativas para as oportunidades profissionais».
A JLL conclui também, com base em crises anteriores, que o mercado do imobiliário corporativo recuperou à medida que a economia também se foi reconstruindo. As incertezas relativas a esta pandemia ainda tornam difícil prever em quanto tempo se iniciará a recuperação, mas a criação de estratégias de rotatividade das equipas no regresso aos escritórios e a aposta em espaços socialmente distantes dão «uma perspetiva encorajadora para a procura de escritórios».