O diretor de Marketing e Vendas da promotora de capitais chineses falava à VI no Conversas Diárias – Especial Covid-19, partilhando que «o nosso nível de atratividade mantém-se praticamente incólume».
Francisco Pereira Miguel considera que a empresa se encontra «numa situação relativamente atípica e confortável», pois vendeu a quase totalidade dos projetos em carteira em 2019. «Entramos em 2020 a pensar nos nossos 3 novos projetos, em fase de licenciamento».
Com os constrangimentos causados pelo Estado de Emergência, uma das obras da empresa, já quase toda vendida, «atrasou, porque houve uma redução do pessoal em obra e atrasos na entrega de alguns materiais».
Admite que a Level Constellation está «muito virada para o comprador estrangeiro, mas não vemos desinteresse nem necessidade, para já, de fazer adaptações no nosso produto atualmente em licenciamento», explica.
Os principais clientes da empresa «fazem uma compra muito menos emocional que o mercado interno. Ou querem um “golden visa”, ou compram para investimento, procurando rentabilidade». Por isso, está convicto de que «a procura vai manter-se muito semelhante à que verificámos no passado».
Segundo o responsável, o número de transações diminuiu «como consequência imediata» no início da pandemia, mas considera «difícil falar em valores ou percentagens» em relação aos preços. Admite que «muitos promotores em Portugal terão de adaptar o produto e eventualmente baixar o preço ou arranjar outras formas de aliciar o investimento, como rentabilidades garantidas, por exemplo, ou colocação no arrendamento tradicional a médio-longo prazo».
"Dezembro de 2019” talvez no final de 2020
Francisco Pereira Miguel mostra-se otimista, e está convencido de que «se as medidas de relançamento da economia forem implementadas e tiverem adesão, estaremos no bom caminho».
Especifica que «se baixarmos os tempos de licenciamento, se baixarmos IVA na construção, voltarmos a relançar os “golden visa” e o Regime de Residentes Não Habituais, no último trimestre deste ano poderemos preparar-nos para ter o “dezembro de 2019”», em termos de nível de atividade imobiliária. E afirma manter «o espírito positivo».
Uma oportunidade para levar a digitalização mais além
«Apesar desta ser uma crise muito assimétrica, devemos olhar para esta crise como um momento e oportunidade única de inovação, e a digitalização é claramente uma dessas facetas», diz.
«Há agora uma oportunidade para a digitalização ir um pouco mais além, nomeadamente no licenciamento camarário, simplificação de procedimentos jurídicos, por exemplo na contratação», considera o responsável.
Por outro lado, no seu entender «a grande maioria das pessoas e das empresas já estava bastante digitalizada, o que não estava era a organização da maioria das empresas, bem como o grau de utilização que se fazia dos recursos digitais. No nosso caso, estávamos já bastante atualizados, e quando entrámos neste período de confinamento, toda a gente continuou a trabalhar basicamente da mesma forma como se estivesse no escritório», afirma.