As palavras são de Aniceto Viegas, General Manager da Avenue, que falava à Vida Imobiliária no âmbito da nova rubrica “Conversas Diárias – Especial Covid-19”. Segundo o responsável, «neste momento há um grande desconhecimento sobre o que irá acontecer nos próximos tempos», e acredita que «o impacto na economia vai depender da duração da pandemia». Mas admite que a Avenue está atenta à situação, e destaca que «o Governo está a reagir, e acho que nunca reagiu de uma forma tão rápida e tão concertada».
Fundamentais mantêm-se, assim como o investimento da Avenue
Aniceto Viegas analisa que «há uma diferença face à crise anterior, que é o facto de não existir uma razão sistémica, e sim um fenómeno identificado». E garante que «o nosso investimento continua».
Como vantagem, aponta o facto de o imobiliário «não vender todos os dias» e não ter «uma necessidade de caixa diária. Temos um ciclo mais longo, de 2 a 5 anos. Teremos um ritmo mais lento, nomeadamente na comercialização dos projetos. Mas é cedo para ter uma opinião fundamentada sobre o impacto nos preços. O que é certo é que se mantêm os bons pressupostos do imobiliário. Por exemplo, a pouca oferta de escritórios, de habitação. Não temos o problema de excesso de oferta que tivemos na crise anterior».
Por isso, acredita, «temos de estar preparados para dinamizar esse mercado e incentivar o consumo quando for a altura certa».
Empresas podem repensar espaços de trabalho
«Os espaços de trabalho vão adaptar-se» depois da crise, acredita Aniceto Viegas. Não tanto pela mudança para o teletrabalho, mas porque «se o distanciamento social passa a ser uma questão, podemos querer ter menos pessoas em cada espaço», prevê.
Para o responsável, «o teletrabalho é algo novo que sempre existiu. Teria alguma imagem mais negativa até agora, porque apesar de aceite, não deixava de ser olhado com alguma desconfiança, e hoje é visto de uma forma mais natural». E lembra que «hoje temos todos vontade de regressar ao espaço de trabalho, porque gostamos de algum equilíbrio e das dinâmicas criadas no escritório».
Aniceto Viegas acredita que se vão manter as variáveis do mercado de escritórios em Portugal depois da crise: «temos poucos metros quadrados, e esse racional não se mudou, apesar de as empresas poderem pensar como vão reorganizar o seu espaço de trabalho».