A Associação da Hotelaria de Portugal emitiu esta semana um novo comunicado onde reforça o pedido de medidas específicas para o setor do alojamento turístico, que vive uma situação «muito grave», considerando que os apoios são «insuficientes».
Os números do turismo esta semana divulgados pelo INE «vieram confirmar as piores projeções» da AHP, e revelam que o setor vive «uma crise sem precedentes» devido à pandemia. Os dados «não surpreendem o setor hoteleiro e vão, infelizmente, ao encontro do que a associação já antevia».
Em março de 2020, a AHP tinha projetado uma perda de 7,3 milhões de dormidas e 800 milhões de euros até junho. No final do ano, o cenário apontado com base nos resultados de 2019 era de uma quebra de 70% das dormidas (menos 40 milhões de noites) e de 80% nas receitas, menos 3.600 milhões de euros. Estes números dizem respeito apenas à hotelaria (hotéis, aparthotéis e pousadas).
Raul Martins, Presidente da AHP, refere no comunicado que «2020 foi um péssimo ano, recuámos a valores de dormidas de não residentes de 1984. Mas 2021 não será melhor. A situação da Hotelaria é muito grave e os apoios insuficientes, é importante que se perceba isso».
A associação mostra-se preocupada com o impacto da pandemia nos vários destinos nacionais: «as maiores quebras são e serão nos destinos urbanos», e destaca «um especial impacto no principal destino religioso. Os números do INE revelam que Lisboa teve uma quebra de 76%; o Porto de 72% e Fátima ainda sofreu uma maior hecatombe, com uma redução de 78% nas dormidas, que se deveu principalmente ao colapso das dormidas de não residentes: menos 88%», cita o Publituris Hotelaria.
Raul Martins recorda que «as empresas hoteleiras estão há um ano com quebras enormes, e neste momento não conseguem honrar os seus compromissos com os ordenados, os fornecedores e os impostos», empresas estas que empregam cerca de 90.000 pessoas, 30% de todos os profissionais do setor do alojamento e restauração.
Por isso, insiste na urgência de apoios específicos para o setor do alojamento, enumerando a criação de uma linha específica de apoio para a hotelaria e medidas financeiras e fiscais exclusivas para estas empresas, além da isenção da TSU e da prorrogação urgente das moratórias dos reembolsos de capital e juros das linhas de financiamento “Covid-19” e dos demais créditos bancários. Raul Martins garante que «se não existirem apoios urgentes, não será ‘apenas’ o setor hoteleiro, empresas, trabalhadores e famílias que sofrerão, mas toda a economia».