Esta é uma conclusão do inquérito “Remote Work in Portugal”, levado pela JLL a cerca de 1.100 profissionais, que procurou auscultar a sua experiência e desafios no teletrabalho imposto pela pandemia.
Até março, o teletrabalho não era habitual para 66% dos profissionais, mas o regime está a ser geralmente bem aceite pelos portugueses. Para 57% dos inquiridos, o ideal será manter uma rotina de dois a três dias em casa no “novo normal”.
De acordo com o inquérito, a JLL também conclui que as empresas estavam preparadas para o teletrabalho forçado. 86% dos inquiridos consideram que as suas empresas se adaptaram totalmente ao teletrabalho, sendo que a capacidade tecnológica e digital de que as empresas já dispõem, a par da disponibilização de ferramentas eficazes de trabalho remoto e de colaboração em equipa, foram determinantes.
Maria Empis, Head of Strategic Solutions da JLL, explica que «o facto de uma realidade imposta de forma disruptiva e abrupta ter sido facilmente integrada e aceite por empresas e colaboradores em poucos dias, prova que o teletrabalho já estava em marcha, que as empresas estavam preparadas tecnologicamente e que o recurso generalizado a este tipo de trabalho não aconteceu antes por questões sobretudo culturais».
Segundo a responsável, a «pandemia veio acabar com alguns estigmas que existiam e acelerar a massificação do teletrabalho, uma realidade que mais cedo ou mais tarde acabaria por acontecer. A transformação digital é a chave essencial para esta mudança. A pandemia veio “apenas” acelerar a mudança de mentalidade».
Os profissionais destacam como principais vantagens desta forma de trabalho o facto de permitir não perder tempo em deslocações (32%), não ter as interrupções constantes do escritório (27%) e ter uma agenda flexível (25%), além de ter mais tempo para a família (13%). Isto traduz-se em ganhos de produtividade (71%), na redução da pegada ambiental, na melhor gestão do tempo e numa vida mais sustentável. Para 83%, é relevante que uma proposta de trabalho passe a considerar o teletrabalho, associado a uma agenda flexível.
Por outro lado, entre as dificuldades estão as tentações da casa (31%), a dificuldade de concentração devido à estrutura familiar (23%) e não ter um espaço adequado em casa (19%). A tecnologia como impedimento foi apenas apontado por 13% dos inquiridos.
A revolução do conceito de escritório físico
De acordo com a JLL, a questão do espaço físico será determinante no escritório no futuro, numa altura em que a massificação do teletrabalho promete revolucionar este conceito.
Impõe-se uma reorganização do espaço. Dada a perceção positiva desta forma de trabalho e a sua valorização pelos profissionais, para atrair a reter talento as empresas vão ter que criar conforto com espaços adequados ao trabalho desempenhado, reorganizando o escritório com estratégias que combinem espaços, pessoas e tecnologia, uma vez que a tendência futura é de uma maior atenção à qualidade do espaço social, prevê a JLL. Assim, o escritório terá de apostar na flexibilidade, e na partilha de postos de trabalho preparados para a colaboração.
Maria Empis afirma que «poder-se-á especular que existirá uma menor necessidade de área de escritórios por colaborador, mas, no fundo, isso poderá ter uma tradução numa menor densificação e não necessariamente em escritórios mais pequenos, porque o trabalho colaborativo vai ter que ser feito no escritório e as áreas sociais vão ser cada vez mais importantes. Há uma reorganização do espaço e é certo que o teletrabalho veio para ficar, bem como a transformação digital nas empresas. Mas não haverá uma transição total do trabalho no escritório para o trabalho em casa», conclui.